Transformados em heróis pela atuação durante a epidemia de coronavírus, enfermeiros foram descobertos como “guerreiros”, “anjos” e outros elogios que ignoram uma história de descaso, falta de cuidados públicos e amparo para a atuação, em Marília também.
Os profissionais da área, que envolve ainda auxiliares, são alvos de aplausos, vídeos e panelaços. Nesta terça, dia 12, comemoram o Dia Internacional da Enfermagem e as redes sociais já recebem enxurradas de homenagens de autoridades.
São bonitas estas homenagens, mas cada autoridade desta tinha a obrigação de aproveitar o momento para incluir nas suas reivindicações – e o eleitor na sua análise de votos – algumas das questões que a categoria discute.
– Profissionais do complexo Famema esperam há décadas concursos e regulamentação de cargas, salários e reajustes em anos sem revisão de salários. Governador, guarde todas as suas emoções do momento para rever esta situação.
– Enfermeiros e auxiliares em diferentes cidades e órgãos públicos relatam falta permanente de matérias de proteção individual. Agora e sempre eles precisam de máscaras, aventais e luvas suficientes
– Enfermeiros e auxiliares em diversos grandes centros médicos enfrentam como rotina superlotação de emergências com sobrecarga de jornadas, falta de estrutura para manutenção de espaços higienizados e condições de trabalho
– A falta de EPIs e condições de descaso são agravadas na epidemia e nas medidas de controle que já duram mais de dois meses. Desgaste físico e emocional são relatos comuns.
– Enfermeiros são agredidos nas ruas por moradores com medo de serem contaminados por eles após longas jornadas de atendimento, com direito a vídeos e até aplausos em redes sociais em que casos que não recebem sequer investigação policial e punições adequadas.
O dia é da enfermagem, os profissionais da área são heróis do momento. E a saúde pública tem obrigação de lembrar quanto eles são importantes quando a epidemia passar.