Segundo a pesquisa de 2015 do Instituto Data Popular , no Brasil há 20,77 milhões de mulheres criando seus filhos sem a presença de companheiro ou companheira. As mães solo têm direito a receber duas cotas do auxílio emergencial do governo federal para contenção da crise da pandemia – o equivalente a R$ 1.200. Mas muitas foram afetadas pela falha que ocorreu em abril no sistema de análise e repasse da Caixa Econômica Federal e da Dataprev e ainda não receberam o valor.
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É o caso de Thalita Souza , 23, que se formou em administração no fim do ano passado. Thalita tinha a possibilidade de efetivação no estágio que fazia, mas a pandemia parou as atividades. Seu filho nasceu em janeiro na cidade em que vivem, Contagem , em Minas Gerais.
Thalita conta que fez o pedido do auxílio no primeiro dia para cadastramento no Caixa Auxílio Emergencial , 7 de abril. No entanto, o aplicativo já mostrava lentidão. “Comecei o cadastro às 10h da manhã, mas só foi concluído às 12h”, afirma. No dia 23, o ministério da cidadania pediu para que os candidatos refizessem o cadastro, que ela efetuou novamente no dia 30.
Segundo ela, a justificativa recebida foi de ” dados inconclusivos “, mas ela havia preenchido a ficha corretamente, tendo repetido o processo na segunda tentativa. No entanto, na segunda vez, Thalita percebeu que o aplicativo tinha mudado. “No começo, não precisávamos colocar endereço nem sexo. No dia 30, o campo de endereço foi adicionado ao cadastro”, diz.
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O recadastramento levantou dúvidas: no dia 30 de abril, não havia mais o campo para colocar os dados de seu filho no aplicativo da Caixa. Então, Thalita foi ao site do banco e, depois de atualizar a página diversas vezes, o site mostrou o campo para preenchimento com dados de seu filho.
Questionada sobre o problema de abril, a Caixa respondeu “que algumas pessoas que fizeram o cadastramento nesse período informaram dados do grupo familiar inconsistentes”.
“Para evitar a negativa a esses cadastros, o aplicativo foi rapidamente atualizado para adotar a nova regra definida pelo Ministério da Cidadania , quando passou-se a verificar a duplicidade de CPF em algum grupo familiar. O objetivo foi evitar o resultado posterior da análise como negativa ou inconclusiva, dando a oportunidade a esses beneficiários de realizarem o cadastramento”, diz a nota do banco estatal.
A incerteza sobre a data do pagamento gerou problemas financeiros. Segundo Thalita, por não saber quando receberia o auxílio, ela não pôde comprar fiado nos comércios locais, nem pedir dinheiro emprestado . Assim, sua mãe a ajudou financeiramente neste período. Thalita conseguiu receber o auxílio apenas no dia 15 de maio, mais de um mês após fazer o cadastro.
Recorrer à família é a saída para mães que ainda não conseguiram obter a primeira parcela do auxílio. Yasmin Oliveira , 17, é mãe e conta que provavelmente terá de voltar a morar com sua avó. Yasmin vive com seu companheiro na cidade de Canelinha , em Santa Catarina, mas recentemente ele foi demitido.
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As mães menores de idade foram excluídas durante a primeira etapa de liberação do auxílio emergencial, já que um dos requisitos para obtenção da renda era ter mais de 18 anos.
Somente na sexta-feira (15) – data em que a Caixa divulgou oficialmente o calendário de pagamentos da segunda parcela do auxílio – o presidente Jair Bolsonaro aprovou o depósito do auxílio para mães adolescentes.
A decisão foi publicada no Diário Oficial da União e também ampliou direito ao auxílio para pais solteiros receberem em dobro o valor do benefício, como a lei permite para mães solo.