Veículos

Como é andar em um caminhão da Mercedes com mais de 30 toneladas

Como é andar em um caminhão da Mercedes com mais de 30 toneladas


source
Mercedes Actros 2648
Evandro Enoshita
Mercedes-Benz Actros 2648 vem com câmeras no lugar dos retrovisores entre os itens que mais chamam atenção

É muito comum a noção de que um veículo voltado para o trabalho seja sinônimo de falta de sofisticação. Mas isso não se aplica ao Mercedes-Benz Actros 2648. Lançado este ano no mercado brasileiro, faz parte da nova geração do caminhão extrapesado da marca e conta com um pacote de equipamentos tão interessante quanto o dos carros de luxo vendidos pela marca.

Com preço inicial de R$ 676.734,30, o caminhão traz piloto automático  adaptativo e preditivo. Além de variar a velocidade para manter a distância do veículo à frente, o sistema usa informações do GPS para prever a necessidade de trocas de marcha.

Há ainda monitor de fadiga do motorista, de pontos cegos e de permanência em faixa de rodagem, assistente de partida em rampas e frenagem automática de emergência com detector de pedestres, além do controle de farol alto inteligente. E até câmeras no lugar dos retrovisores externos.

“Um extrapesado roda muito, em média de 100 mil a 120 mil quilômetros por ano. Além do custo baixo de operação, as tecnologias que tornam o caminhão mais confortável e seguro para dirigir também são um fator de decisão de compra para este tipo de veículo”, destacou o engenheiro de marketing de produto da Mercedes-Benz, Wilson Baptistucci.

Entrar na cabine exige uma escalada de quatro degraus e um igual malabarismo para sair. Mas uma vez lá dentro tudo muda. O que mais impressiona é o espaço. Apesar de ser mais baixa do que a oferecida na Europa (a área frontal é 0,5 m² menor que no Actros europeu), ainda tem 1,84 m de altura interna na configuração de cabine alta, medida que segundo o fabricante é 10 cm maior do que a média de altura do motorista brasileiro.

Atrás do posto de pilotagem há uma confortável cama para solteiro. Sob ela, em uma espécie de gaveta, fica um geladeira, enquanto ao lado do motorista existe outra, que funciona como um porta luvas. Já a chave é do tipo presencial, com o mesmo visual dos carros da marca.

Na posição do motorista, o volante é multifuncional e permite comandar o painel digital, com tela de 10,25″ e a tela multimídia, também de 10,25″, que além do sistema de som controla o ar-condicionado automático digital e altera as configurações do veículo, incluindo a intensidade e a cor da iluminação da cabine.

Há ainda um carregador de celular por indução, enquanto o pareamento do smartphone pode ser feito via Android Auto e Apple CarPlay. Curiosamente o airbag do motorista é opcional, já que a legislação brasileira não exige este item de segurança em veículos comerciais pesados.

O mundo visto de cima

Mercedes Actros
Evandro Enoshita
O Mercedes vem com motor de 13 litros de cilindrada, capaz de gerar mais de 20 vezes a força de um motor 1.0 aspirado hoje em dia

Com o coordenador de campo da Mercedes-Benz Alexandro Massariolo ao volante, rodamos cerca de 83 km na Rodovia Anchieta e no Rodoanel Mario Covas. Uma vez em movimento, a sensação geral é de se estar em uma picape (bem alta).

Vendo o mundo de cima, o campo de visão parece quase infinito e impressiona. Mas do motoboy que virou a cabeça para olhar a cabine ao ajudante de um caminhão que fez o mesmo movimento, o que mais impressionou do lado de fora foram as câmeras no lugar dos retrovisores.

No Brasil, o único outro modelo à venda com este equipamento é o carro elétrico Audi e-tron. As câmeras reproduzem as suas imagens em duas telas de 15″ de alta resolução e com taxa de atualização de 70 fps, posicionadas dentro da cabine em posição próxima dos retrovisores convencionais.

Além de trazer as linhas de referência para mostrar onde termina a carga, as telas concentram as informações do monitor de pontos cegos e alteram as imagens para auxiliar o motorista em manobras e também nas curvas, aumentando o campo de visão em relação aos retrovisores convencionais.

Para alguém acostumado aos carros, a primeira impressão é um pouco intimidadora. O cavalo mecânico, com 7,20 m de comprimento, é equipado com um motor diesel de 13 litros, 476 cv de potência e 236 kgfm de torque, que trabalha em conjunto com um câmbio automatizado de 12 marchas.

Mercedes
Evandro Enoshita
Eu e o Mercedes com mais de 30 toneladas que roda pelas estradas do Brasil

Acoplado ao cavalo estava um bitrem com mais de 30 toneladas de carga. Mas essa carga é notada apenas nos trechos de subida. Em retas, é possível manter velocidade suficiente para acompanhar o trânsito.

No geral, o acabamento da cabine usa materiais um pouco mais simples que nos carros, mas que ainda assim agradam pela qualidade. Os bancos são macios e confortáveis e ajudam a reduzir um pouco o desconforto das oscilações da carroceria provocadas pela nova suspensão do tipo metálica Global TufTrac, que é 100 kg mais leve que a da geração anterior.

Voltada para aplicações off-road e em estradas mal pavimentadas, sacrifica um pouco o conforto em nome da robustez. Apesar de toda a sofisticação, o motor diesel ronca alto mesmo em marcha lenta. Pontos que servem para nos lembrar que estamos em um veículo de trabalho. Ainda que algumas vezes dê para se confundir com um carro de luxo.

Ficha técnica

Mercedes-Benz Actros 2648

Preço: A partir de R$ 676.734,30

Motor: 13 litros, seis cilindros em linha, diesel

Potência (cv): 476 cv a 1.800 rpm

Torque (kgfm): 234 entre a 1.100 rpm

Transmissão: Automatizada, 12 marchas, tração 6×4

Suspensão: Molas parabólicas (dianteira) / (traseira)

Freios: Tambor, com freio adicionar Retarder R 115 HV (opcional), ABS

Pneus: 295/80 R22,5

Dimensões: 7,20 m (comprimento) / 2,53 m (largura) / 3,67 m (altura), 3,53 m (entre-eixos)

Tanque: 1.015 litros

0 a 100 km/h: não disponível

Vel. Max: não disponível

Consumo: não disponível

Fonte: IG CARROS