Os ossos doem.
Os olhos jorram.
O coração parece preso ao corpo como chumbo.
Mas ao mesmo tempo está leve, em outras paragens.
Lágrima é mato.
A tristeza vai tomando conta das artérias, veias, órgãos.
Os olhos ficam embotados, a visão turva, pelo excesso do que saiu, mas também pela grandeza do que está dentro.
Floriu, flores rosa e branca, assim como você disse que seria.
Zelo por ele com o cuidado de quem ama quem o ama.
Ah, o amor, hoje eu sou toda amor.
Tão cheia dele que transbordo.
Durmo agarrada ao seu vestido branco e azul que estava usando.
Sentindo o seu cheiro com medo que ele me escape.
Não tenho novidade no que sinto. Sempre senti assim, grande, exagerada, hiperbólica, cheia de rococós.
Disse, minha terapeuta, que eu tinha excesso de zelo e preocupação.
Mas quem quer que seu bem mais valioso quebre?
Estou distanciada de mim mesma.
Mas quem diria que o amor me faria ter preocupações com plantas, flores, em faxinar uma casa e esperar a volta constante de uma reclamação ou de uma gargalhada bem gostosa?
O amor faz isso mesmo, te põe para assistir novelas enquanto você poderia está numa balada ou num barzinho com amigos.
Amor puxa a rédea, te põe no prumo. Não é mais suas vontades, mas você olha o outro e percebe que ele é importante demais para ser negligenciado.
Não tem forma física, mas às vezes tem olhos castanhos e pesa 47 quilos.
Não tem endereço, mas você sabe muito bem onde ele está localizado.
O Manacá da Serra floriu.
Espero que ele borde o chão.
Você me disse: o que é um caminho errado para quem está perdido?
Estou esperando sua resposta.