Volume de chuva abaixo do esperado e a onda de calor intenso já começam a abrir um rombo nas contas e projeções de produtores rurais de Marília e região com riscos para próximas safras e também para o bolso do consumidor.
Café, amendoim, milho, soja, pastagens e até hortifrútis sofrem com a combinação dos dois fatores e novas lavouras são as mais prejudicadas.
Agrônomo e produtor rural, Vanderlei Tavares Dias disse que em sua lavoura de café, de quatro anos, a projeção de perda para colheita em 2021 chega a 50% depois de uma colheita considerada muito boa neste ano.
“A previsão era repetir a safra boa mas a florada já mostrou os efeitos da estiagem e calor. Acima de 38 graus muitas plantas abortam a florada, com certeza haverá uma quebra significativa”, explica.
A situação é a mesma para pastagens, com plantas murchas e menores, perda de peso e maiores gastos para produtores garantirem alimentação do gado.
O mercado já começa a reagir. Segundo Vanderlei Dias o preço da saca de café despencou na contramão das temperaturas, com ofertas até R$ 100 menores por saca.
Cláudio Hagime Funai, engenheiro agrônomo do Escritório de Desenvolvimento rural em Marília, disse que ainda não há números fechados, mas que a previsão é de perdas para café, amendoim, milho e criadores.
“Em Bastos já há relatos de perdas sensíveis de ovos. Na lavoura quem não tem irrigação vai sentir muitas dificuldades”, afirmou.
As perdas são acompanhadas de impacto em preços. Grandes produtores com irrigação e estrutura geralmente reforçam controle de mercados. Pequenos produtores endividados colhem menos e são obrigados a vender mesmo em situações desfavoráveis.
Agrônomo, consultor na área e dirigente da Fatec em Pompéia, Cláudio Ottoboni, afirmou que a região não tem grande volume de áreas irrigadas para suportar a crise hídrica.
Destaca que alguns produtores incentivados pelas chuvas de agosto fizeram plantio de amendoim e também podem ter problemas com volume de colheita.