A pandemia provocada pelo novo coronavírus provocou enormes mudanças na vida do brasileiro. Entre elas, os planos de viajar nas férias . Com isso, muita gente que passou meses e meses juntando milhas para trocar por passagens aéreas se viu diante de um dilema: como não perdê-las? Gente como o administrador de empresas Leonardo Chen Antunes, 40, que acabou trocando os pontos que já estavam háa bastante tempo acumulados no cartão de crédito por um celular para a filha.
“Escolhi o produto porque, na ocasião, minha filha estava fazendo aniversário”, comentou.
Segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (ABEMF), João Pedro Paro Neto, os bilhetes aéreos, por exemplo, que eram o destino de quase 80% dos pontos/milhas trocados antes das medidas de isolamento social, foram menos resgatados em 2020.
Cafeteiras e liquidificadores
O presidente da ABEMF complementa dizendo que, com a pandemia, as pessoas passaram a resgatar produtos para a casa e uso pessoal. “Os preferidos foram itens como cafeteiras , fritadeiras e liquidificadores, ou para uso pessoal como caixas de som, fones de ouvido e cadeiras de escritório. Vale-compras de supermercado também aparecem na lista, uma vez que os pontos / milhas também podem ser utilizados para ajudar nas contas do mês, para aquisição de itens de alimentação, combustível, entre outros”.
No entanto, Rodrigo Góes, especialista em milhas , alerta que “praticamente não existe vantagem em comprar produtos com milhas, porque geralmente o valor das milhas é desvalorizado ao comprar produtos”.
Rodrigo indica que a pessoa venda as milhas e use esse dinheiro para comprar o produto desejado de forma tradicional. “Se duvidar, muitas vezes você vai conseguir comprar até dois produtos”, complementa.
Pontos ou milhas?
“Basicamente, é a mesma coisa”, fala Rodrigo. “Mas a gente diferencia pontos e milhas. Quando a gente fala em pontos é o que vem acumulado em programas dos bancos e cartões de crédito . E milhas, que são as milhas aéreas, a gente se referencia ao que é acumulado nos programas de fidelidade das companhias áreas “.
Rodrigo complementa dizendo que é possível trocar os pontos do cartão por milhas e vice-versa.
A ABEMF reforça a orientação de que os participantes dos programas de fidelidade busquem informações e conheçam todas as opções disponíveis para acúmulo e troca de pontos e que acompanhem as promoções e oportunidade de benefícios extras.
Pontos x fatura do cartão
Como no caso de Marcel Chaves, 29, executivo de desenvolvimento de negócios, que é cliente de um banco digital, e descobriu que era possível abater compras feitas no cartão de crédito com pontos acumulados. “Eu não tinha encontrado nenhum produto que me interessasse o suficiente para trocar meus pontos”.
“E olhando no rewards do Nubank, descobri a alternativa de abater compras que realizei no crédito do cartão. Além de ‘antecipar’ parcialmente alguns valores da fatura do cartão, liberei mais limite para compras no crédito”, complementou.
Rodrigo explica que existem vários bancos digitais onde é possível fazer pagamentos de faturas com pontos, “isso entra um pouco no conceito de cashback. Os bancos digitais, em vez de dar milhas, eles dão um cashback que é revertido diretamente na fatura do cartão de crédito”.
O presidente da ABEMF diz que “além disso, cada vez que for fazer alguma compra, procurar por estabelecimentos comerciais parceiros dos programas dos quais participam, para acumular mais fácil. É importante ressaltar que ninguém precisa aumentar gastos para acumular pontos/milhas, basta realizar as compras que sempre fez, e que precisa fazer, em estabelecimentos que ofereçam pontos/milhas”.
Como acumular pontos/milhas?
“As principais fontes são as compras no varejo , em especial, pelo uso do cartão de crédito. Sendo assim, o poder de compra do consumidor tem mais impacto no acúmulo de pontos/milhas do que a realização de viagens aéreas”, segundo a ABEMF.
Segundo dados da entidade, em 2019, apenas 11% dos pontos/milhas acumulados foram em viagens. “As passagens aéreas não são a principal fonte de acúmulo de pontos/milhas”, diz a entidade.
Trocar por produtos ou vender milhas?
Neste ano, nos primeiros seis meses do ano, os participantes dos programas de fidelidade associados a ABEMF resgataram um total de 80,2 bilhões de pontos/milhas, segundo dados da entidade.
Para trocar milhas, Rodrigo dá uma dica: “a pessoa precisa enxergar a passagem aérea ou o produto que ela quer trocar por milhas, saber quanto isso custa em dinheiro e fazer o cálculo da quantidade de milhas que ela tem. Se ela pegar essa quantidade de milhas e vender no mercado, ela vai receber mais ou menos do que o valor do produto que consegue pagar em dinheiro”.
Para finalizar, ele dá um exemplo prático: se uma passagem aérea ou produto custa 100 mil milhas, e em dinheiro custa R$ 4 mil, você calcula a venda das milhas. Se der em torno de R$ 2.500, considerando o valor das milhas hoje, então compensa mais trocar os pontos pela passagem ou produto. Agora, se for ao contrário, e o produto for mais barato do que vender milhas, compensa mais vender milhas.