Um novo racha na família da deputada federal Flordelis dos Santos está por trás das últimas denúncias feitas contra a parlamentar por duas de suas netas. Após o rompimento, vieram à tona acusações de maus tratos contra menores de idade em sua casa, informações de que uma filha adotiva da pastora se mutilou e até relatos do descumprimento de uma ordem judicial pela viúva do pastor Anderson do Carmo.
As duas netas — Raquel Silva e sua irmã, de 16 anos — são filhas do pastor Carlos Ubiraci, filho afetivo da deputada, que está preso acusado de envolvimento na morte de Anderson do Carmo. Ambas decidiram prestar depoimento à polícia após terem saído da casa de Flordelis em Pendotiba, Niterói, no início do mês passado. As jovens alegam que foram expulsas após um desentendimento na residência.
Uma das filhas de Carlos, a adolescente de 16 anos, deu detalhes sobre um episódio envolvendo uma filha adotiva de Flordelis na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), onde foi ouvida. Ela relatou que após ter sido chamada pela deputada de ‘‘lixo’’, a jovem cortou o próprio braço e nele escreveu “Eu S. um lixo” . Ainda segundo o depoimento, Flordelis também disse que não gostaria de tê-la como filha e afirmou que se ela continuasse desobediente, “aí sim teriam motivos para chamá-la de assassina” .
Informações sobre o episódio acabaram chegando à Justiça e na última quinta-feira a filha adotiva que teria se automutilado foi levada para uma casa de acolhimento de menores após uma decisão da Vara da Infância e Juventude de Niterói.
Em seu depoimento, prestado no dia 11 de novembro, a filha de Carlos ainda acusou Flordelis de estar descumprindo uma decisão da Justiça ao manter contato com pessoas que são investigadas pela DH, entre elas Lorrane Oliveira, que também é neta da deputada. A delegacia abriu um terceiro inquérito para apurar a suspeita de participação de outras quatro pessoas na morte do pastor Anderson do Carmo.
Por decisão da juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, a deputada Flordelis não pode ter contato com nenhum dos investigados e nem com os seus filhos e netas, que são réus com ela no processo do assassinato de Anderson.
Adolescente poderá ser ouvida
As filhas e a esposa de Carlos, Cristiane, moravam em uma casa independente, construída no terreno da residência de Flordelis em Pendotiba. Todas deixaram o local após um desentendimento entre Raquel e Lorrane. A filha de Carlos afirma que depois da briga foi expulsa da casa pela deputada. Sua irmã e mãe também resolveram deixar a residência.
Após a expulsão, Carlos Ubiraci decidiu trocar de advogado. Em depoimento durante audiência no último dia 27, Cristiane revelou que Flordelis era a reponsável por pagar o primeiro advogado do marido. O pastor Carlos tornou-se presidente do Ministério Flordelis — igrejas da família — após a morte do pastor Anderson. Antes de ser preso, ele que comandava a filial de Piratininga, em Niterói. Mesmo com o rompimento, sua mulher e filhas continuam tocando a igreja. Carlos, filho afetivo de Flordelism chegou à casa da pastora ainda na favela do Jacarezinho, nos anos 90.
As denúncias sobre a automutilação da adolescente acabou chegando à juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, responsável pelo processo criminal no qual Flordelis, sete filhos e uma neta são réus. A magistrada comunicou o fato à Vara da Infância e Juventude de Niterói, Ministério Público e Conselho Tutelar.
Na última semana, a Justiça determinou que a adolescente fosse retirada da casa de Flordelis e levada para uma casa de acolhimento de menores, o que ocorreu na última quinta-feira. Flordelis nega que a filha adotiva tenha se cortado após uma discussão com ela. O advogado da deputada solicitou que a menina seja ouvida na próxima audiência do caso, no dia 11. A juíza Nearis dos Santos ainda não decidiu sobre a solicitação. As duas filhas de Carlos Ubiraci estão previstas para também depor na próxima sexta-feira.
Primeiro racha
Dias após a morte do pastor Anderson do Carmo , em junho de 2019, alguns filhos já começaram a romper ccom Flordelis. Um deles o vereador Wagner Andrade Pimenta, conhecido como Misael . Ele foi o primeiro a prestar depoimento contra a mãe, acompanhado de um dos irmãos, Daniel dos Santos. Ambos apontaram participação de Flordelis na morte de Anderson, que era seu marido. Misael afirmou que a mãe havia sido mentora intelectual do assassinato.
Misael, que também é pastor, acabou não só rompendo relações com a mãe , como também deixou as igrejas da família. Outro filho que deixou o Ministério Flordelis foi o também pastor Alexander Felipe Matos Mendes, conhecido como Luan.