Marília

Prêmio Osório Alves - Escritor de Marília ganha homenagem na Bahia; veja sua história

Prêmio Osório Alves - Escritor de Marília ganha homenagem na Bahia; veja sua história

A Prefeitura de Santa Maria da Vitória, no interior da Bahia, recebe até o dia 14 de dezembro projetos culturais para o Prêmio Osório Alves de Castro, escritor e ativista política que venceu o prêmio Jabuti com o livro Porto Calendário, produzido em Marília, onde morou, criou seis filhos e manteve a Alfaiataria Rex com a esposa, Josefa Medina de Castro.

O prêmio, destinado a Artes visuais (Ex.: Performance, artesanato, pintura, grafite, desenho, gravura, escultura, colagem, videoarte, fotografia, arquitetura, design etc.), Audiovisual, Literatura/Poesia, Teatro e Música, desenvolvidas ou apresentadas em plataformas virtuais ou presenciais, caso o quadro pós-pandemia permita.

Osório nasceu na cidade baiana. Saiu de lá jovem e passou peçlo Rio de Janeiro e algumas cidades paulistas até se radicar em Marília, de onde só saiu após mudança dos filhos para São Paulo, aonde foi viver e manter intensa atividade cultural e política.

Além de Porto Calendário publicou “Maria Fecha a Porta Prau Boi Não te Pegar”e “Bahiano Tietê”, que teve publicação póstuma.

Conheça um breve resumo desta história no artigo do historiador e pesquisador Paulo Henrique Martinez, neto de Osório, docente da Unesp em Assis.

Osório Alves de Castro nasceu em Santa Maria da Vitória, na beira do rio Corrente, margem esquerda do rio São Francisco, Bahia. Era filho de Catarina Afonso de Oliveira e Pedro de Almeida Castro.

Em seu registro civil consta o nascimento em 17 de abril de 1901. Na juventude transitou por diferentes linguagens artísticas, como música, teatro, jornalismo e poesia.

Osório com a esposa, Josefa, e os filhos Carmen e Osorio Filho em Marília

Escreveu o hino “Centenário” para as comemorações dos 100 anos da independência do Brasil, com música do maestro José Leopoldo Lima. Foi Tenente da Guarda Nacional e teve participação ativa na vida política local, sendo eleito Conselheiro em 1919.

Mudou-se para São Paulo, em 1923, engajando-se em movimentos culturais e sociais contestadores das oligarquias republicanas. Seguiu a rota dos migrantes da região correntina, dirigindo-se para o oeste paulista, acompanhando a expansão da fronteira agrícola, das ferrovias, o crescimento de cidades novas, como Bauru, Lins e Marília, as oportunidades de vida e de trabalho.

Em 1927, vinculou-se ao movimento comunista. Tornou-se militante, dirigente partidário e candidato a vereador, em Marília. Nesta cidade fixou residência e instalou a Alfaiataria Rex.

O escritor Osório Alves com Osório Filho na Alfaitaria Rex, ponto de trabalho e encontros sobre política e cultura no centro de Marília

Como alfaiate garantiu o sustento da família e a criação dos seis filhos. Ali viveu e trabalhou durante trinta anos, até a sua prisão e a mudança para a capital paulista, após o golpe militar de 1964.

Foi no interior de São Paulo que escreveu dois de seus livros publicados, Porto Calendário (1961) e Bahiano Tietê (1990). O primeiro ambientado no vale do rio Corrente e na vida cotidiana de Santa Maria da Vitória na passagem do século XIX para o XX e suas primeiras décadas.

O segundo livro apresenta a saga dos migrantes nacionais e estrangeiros, trabalhadores do campo e da cidade que, entre 1910 e 1940, fizeram do oeste do vale do rio Tietê, um pedaço da Bahia no estado de São Paulo. Em 1978, publicou Maria fecha a porta prau boi não te pegar, livro em que afloram os dramas humanos no São Francisco.

Atividade política – Em Marília com a esposa, quatro dos filhos e Luís Carlos Prestes

Em São Paulo, vivendo com a esposa Josefa Maria Medina, junto das filhas e dos filhos, rodeados das netas e dos netos, escreveu, fez palestras, frequentou instituições culturais, livrarias e eventos literários. Deixou inéditos um romance e um testemunho da experiência da longevidade individual nos grandes centros urbanos. Faleceu em 14 de dezembro de 1978.

Grafite em Santa Maria da Vitória lembra escritor Osório Alves de Castro

As cinzas de Osório Alves de Castro deslizam nas águas do rio Corrente. Lançadas por seu filho Terto Alves de Castro, em 1982, dali contemplam as paisagens, os bichos e as plantas, as mulheres e os homens, as crianças e os velhos, da terra que o trouxe ao mundo e fez brotar a sua sensibilidade e o apreço pela liberdade humana. Da terra que fecundou e projeta a sua singular literatura.

Paulo Henrique Martinez
11/dezembro/2020″