Dois médicos de Marília, incluindo um profissional que atua na rede municipal de saúde, internados e intubados em quadros graves de Covid-19, pouco mais de 900 casos confirmados ou suspeitos em profissionais e dificuldade em contratar são alguns dados para o impacto da epidemia na chamada linha de frente da saúde na cidade.
As informações sobre os casos graves em dois médicos circulou em redes sociais nesta segunda com indicação de internações em dois hospitais da cidade. Há mais casos de profissionais da área que enfrentaram quadros graves da doença. Mas as contaminações se espalham em todos os setores de atendimento. Prevenir casos é também proteger quem não pode dizer: vou ficar em casa.
O Hospital das Clínicas, que é referência para atendimento de toda a região, registrou até o dia 7 de janeiro 772 profissionais com sintomas e 233 (30%) testaram positivo.
“Soma-se ao relatado a contaminação de profissionais de saúde no decorrer de seu exercício profissional, necessitando de afastamento de suas atividades, por no mínimo dez dias”, diz um comunicado do hospital.
O risco envolve médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e equipe de higiene entre outros.
“Eles enfrentam riscos emocionais, físicos e biológicos, pois a ameaça de contaminação está sempre presente. A realidade mostra profissionais exaustos, adoecidos física e emocionalmente, pois muitos, privados de seu convívio familiar, trabalham em meio ao “medo” constante de contaminação”, diz o HC.
O HCFAMEMA vive uma realidade não muito diferente de todos os serviços de saúde. Além de toda a situação resultante da COVID, muitos profissionais têm mais de um vínculo trabalhista e por exaustão, medo e sobrecarga, acabando se desligando de um dos empregos, desfalcando ainda mais os serviços de saúde.
O Hospital Universitário indica que 108 funcionários testaram positivo para Covid-19. “Não quer dizer que pegaram no trabalho, pois alguns estavam de férias ou tiveram contato com o vírus fora do ambiente hospitalar. “
O HBU destaca que o problema vai além dos casos confirmados. Qualquer funcionário que apresente sintoma de síndrome gripal fica imediatamente afastado e só retorna após o teste para Covid. Em caso de positivo, segue afastado, até concluir o período ou até sua plena recuperação, se o caso exigir.
“Com relação aos médicos, são poucos os profissionais que de fato participaram ou participam do enfrentamento da Covid, diretamente nos casos da doença. Como a equipe é pequena, de poucos médicos, e diante da superlotação da UTI e da enfermaria, a maioria está exausta, mas não infectados pela Covid.”
A Santa Casa de Marília relatou 37 funcionários afastados com sintomas de síndrome gripal
CONTRATAÇÕES
O HC e HBU relatam ainda a dificuldade em repor equipes. Faltam profissionais e muitos evitam atuar na área de Covid.
“A categoria profissional com maiores dificuldades de contratação pelo HCFAMEMA são os técnicos de enfermagem. Os últimos três processos seletivos não tiveram vagas preenchidas. Além de poucos aprovados, ainda existem os que passam no processo seletivo, porém desistem da vaga.”
O HC aponta ainda dificuldade na contratação de médicos. “Foi necessária a publicação e divulgação de contratação emergencial para que pudéssemos preencher nossas vagas, principalmente na UTI.”