Seis horas sem sair para banheiro, beber água ou comer. Alas lotadas com apreensão em cada um dos leitos. Sobrecarga física e emocional. Funciona assim cada um dos turnos de atendimento para pacientes em UTIs destinadas ao combate à Covid no Hospital das Clínicas de Marília.
As informações estão em uma relato produzido pela médica intensivista Silene El Fakhouri, coordenadora da UTI Adulto do hospital, que é referência para epidemia em 62 cidades.
A médica foi a segunda profissional vacinada na cidade no dia 19. No dia fez um breve desabafo sobre a lotação. Agora ela dá detalhes e você pode saber mais sobre como é o desafio diário em uma UTI para enfrentar a epidemia.
– Sobrecarga
“A sobrecarga de pacientes hoje é total, com 100% de ocupação dos 30 leitos da UTI Adulto do HCFAMEMA. Um quadro muito preocupante, o mais grave deste hospital desde o início da pandemia.
De março a outubro, a ocupação oscilou bastante com altos e baixos no numero de internações. Foi então que de outubro a dezembro as internações de pacientes com sintomas graves começaram a aumentar gradativamente, gerando preocupação, tanto que no inicio de dezembro a Sala de Situação do HCFAMEMA traçou novas estratégias para o atendimento desta alta demanda, como a de agora.
Se até dezembro o aumento era constante mas gradativo, em janeiro, após as festas, esse aumento se tornou acelerado, até atingir os 100% de ocupação. Um quadro que ainda continua alarmante.”
– A estrutura dos leitos
O HCFAMEMA possui 30 leitos de UTI ADULTO de atendimento aos casos graves da COVID 19 . Para manter esta estrutura funcionando são exigidos equipamentos e Recurso Humano multiprofissional amplo, envolvendo médicos, enfermeiros, tecnicos de enfermagem, fisioterapeutas e auxiliares de limpeza, além de serviços de apoio.
Seguimos protocolos clínicos baseados nas orientações da ANVISA e da OMS desde o início da pandemia e nos guiamos na Resolução 2.271, de 14 de fevereiro de 2020 (Diario da União) que exige um médico, um enfermeiro e um fisioterapeuta para cada 10 leitos de UTI e um técnico de enfermagem para cada dois leitos.
Nas UTIs COVID montamos turno de seis horas, num total de quatro turnos por dia. Temos ainda os médicos residentes, que atuam na linha de frente como auxiliares dos médicos.”
Desde o início da pandemia cada profissional segue à risca os critérios de paramentação e segurança, utilizando um conjunto de EPIs por turno de seis horas. Um esforço e exigência que faz com que os profissionais fiquem as seis horas do turno sem poder se alimentar, usar o banheiro ou mesmo beber água.
– Medicamentos
O HCFAMEMA não preparou ainda um levantamento específico da quantidade de medicamentos destinados ao atendimento de pacientes com COVID-19 desde o início da pandemia.
O que se pode afirmar é que desde o início da pandemia, se preparou e vem-se garantindo toda a medicação necessária para atender a todos os pacientes suspeitos ou confirmados com COVID-19 e que desde março até agora não houve um momento se quer que a UTI ficou sem algum medicamento necessário.
Houve sim oscilações do estoque, chegou a ficar baixo, mas os investimentos e as aquisições estão ocorrendo de forma adequada e sem dano ao paciente.
Os medicamentos protocolares usados no dia-a-dia da UTI para o tratamento da COVID são Dexametasona, Ceftriaxona, Oseotamivir e Enoxaparina, alem de Ventilação Mecanica Invasiva acompanhada de sedativos profundos e bloqueadores musculares.