Economia

Como o divórcio e as amantes acabaram com a fama de 'papai nerd' de Bill Gates

Como o divórcio e as amantes acabaram com a fama de 'papai nerd' de Bill Gates


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Antes de todas as revelações sobre seu divórcio , seu comportamento duvidoso com mulheres no local de trabalho e seus laços com o bilionário Jeffrey Epstein (acusado de explorar sexualmente garotas menores de idade), Bill Gates era apenas o tecnofilantropo bilionário e “fofo” dos EUA.

Claro, ele acumulou riquezas absurdas ao fundar a Microsoft e morava em uma mansão de US $ 130 milhões que incluia um quarto de pula-pula, com uma cama elástica embutida. Mas ele também era conhecido por levar seus filhos à escola, maratonar o seriado “Modern Family”, se vestir como o personagem Ned Flanders, do desenho “Os Simpsons”, e esperar na fila por seus cheeseburgers favoritos.

Havia poder no ar paternal nerd e na simplicidade de Gates.


Influência global

Nas últimas duas décadas, Gates transferiu seus vastos esforços de caridade e de sua esposa Melinda para outra estratosfera de influência social. Ele se tornou indiscutivelmente a voz empresarial líder em tentar consertar os problemas do mundo, pontificando sobre a erradicação de doenças e a melhoria dos sistemas de educação no show de Ellen DeGeneres enquanto defendia as mudanças climáticas e soluções contra a Covid-19 na Fox News.

Essa personalidade populista se desmanchou em 3 de maio, quando Bill e Melinda Gates anunciaram que estavam se separando após 27 anos de casamento.

Detalhes desfavoráveis ​​surgiram rapidamente, incluindo relatos de que Bill teve um caso extraconjugal e correu atrás de romances com funcionárias da Microsoft e da fundação humanitária que criou com a esposa.

No pedido de divórcio, Melinda disse que o relacionamento deles estava “irremediavelmente rompido”. A questão agora é se a reputação de Bill também está.

Nos anos 90, um chefe brutal

É fácil esquecer que Bill Gates nem sempre foi tão reverenciado publicamente. Durante o apogeu da revolução do PC, ele era o implacável nerd que virou um magnata e repreendia de forma brutal seus subordinados.

Gates supostamente tentou cortar o patrimônio do co-fundador da Microsoft Paul Allen na empresa enquanto ele estava se submetendo a um tratamento de câncer no início dos anos 1980. (Gates disse que sua lembrança dos eventos é diferente da de Allen.)

O software Windows, sua principal criação, era uma bagunça tecnológica que frustrava milhões de consumidores, e Steve Jobs reclamava que Gates e sua equipe não tiveram a menor vergonha de copiar descaradamente produtos da Apple.

Até mesmo o juiz que supervisionou o julgamento de monopólio da Microsoft na virada do século disse que Gates tinha “um conceito napoleônico de si mesmo e de sua empresa, uma arrogância que deriva do poder e do sucesso absoluto”.

Mudança de ‘personalidade’

Na década de 2000, porém, o homem mais rico do mundo parecia ter percebido que precisava mudar essa narrativa, e que sua riqueza poderia ajudar.

Ele deixou o cargo de CEO da Microsoft e voltou sua atenção para o que se tornaria a Fundação Bill e Melinda Gates, que acabou doando mais de US$ 50 bilhões para combater a malária e a AIDS e aumentar as taxas de vacinação infantil, ganhando elogios generalizados. Gates e Melinda foram as “Pessoas do Ano” de 2005 da revista Time, junto com Bono, vocalista do U2.

Menos de uma década após o julgamento antitruste da Microsoft, Gates estava circulando no Capitólio aconselhando legisladores sobre a competitividade da tecnologia dos EUA e iniciativas de saúde.

Não demorou muito para que o presidente americano Barack Obama lhe concedesse a Medalha Presidencial da Liberdade.

Perda de moral

Mas toda essa influência que é ameaçada à medida que detalhes mais lúgubres emergem de seu processo de divórcio. Isso não quer dizer que ONGs e organizações sem fins lucrativos vão de aceitar seu dinheiro. Mas, como os céticos observaram, se ele buscou relacionamentos inadequados com funcionárias, a fundação que leva seu nome provavelmente não é mais a defensora ideal para o empoderamento das mulheres.

Se ele se tornou muito próximo de Jeffrey Epstein anos atrás, mesmo depois que Epstein se declarou culpado de solicitar prostituição de uma menor, Gates claramente não é o líder certo para fazer campanha contra o tráfico sexual. Não é tanto que ele esteja em risco de ser “cancelado” completamente, mas sim de ser Ctrl-Alt-Deletado de sua posição no topo de um terreno moral elevado.

Ato falho em documentário

Um porta-voz de Gates disse que os “rumores e especulações em torno do divórcio de Gates estão se tornando cada vez mais absurdos” e que “a alegação de maus-tratos aos funcionários é falsa”. O representante acrescentou: “As alegações de que Gates teve qualquer conversa pessoal com Epstein nessas reuniões, que eram sobre filantropia, simplesmente não são verdade.”

Um documentário da Netflix de 2019 até buscou levar os espectadores a entender o pensamento de Gates. Lançado apenas um mês antes de Melinda começar a consultar advogados de divórcio, ele exibe uma imagem positiva do bilionário filantropo.

Agora, no entanto, o documentário serve apenas como um lembrete chocante de quanta engenharia foi necessária na reformulação da personalidade de Bill, especialmente quando evidências contraditórias – como seu aparente hábito de desprezar sua esposa nas reuniões – vêm à luz.

Questionado em um episódio da série se Melinda alguma vez o criticou pelas “merdas” que fez, Gates deu uma resposta curiosa. “Muitas vezes, com certeza. Espero que ela não saiba de tudo “, disse ele, rindo, para depois emendar “Não, eu estou só brincando.”