O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou a inclusão dos bancários da Caixa Econômica Federal no grupo prioritário de vacinação contra a covid-19 pelo Sistema Único de Saúde (SUS) . A medida consta do Destaque nº 18 ao Projeto de Lei (PL) 1011/2020 , apreciado nesta quinta-feira (17) para determinar a priorização de categorias de trabalhadores nas ações de imunização ao coronavírus. Também foi aprovada a Emenda de Redação nº 4, ampliando a abrangência da vacinação para todos os bancários. A decisão dos deputados atende a reiterados pedidos feitos ao governo federal e à direção do banco público, desde o início da pandemia, pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) e outras entidades representativas dos bancários. Os empregados da Caixa Econômica permanecem na linha de frente do pagamento do auxílio emergencial e de outros benefícios sociais para mais da metade da população brasileira. “A aprovação deste projeto de lei representa uma grande vitória da forte mobilização da categoria na luta pela vida”, comemorou o presidente da Fenae, Sergio Takemoto. De autoria de Vicentinho Júnior (PL-TO) e outros deputados, o PL 1011 seguirá à votação no Senado. “Os trabalhadores da Caixa se mostraram essenciais ao país. Vamos continuar batalhando pela aprovação do projeto pelos senadores, em defesa da vacina para todos, em defesa da vida”, acrescentou. A deputada Erika Kokay (PT-DF) — que articulou a inclusão de todos os bancários junto à relatora do PL 1011, Celina Leão (PP-DF) — também comemorou a aprovação do projeto de lei. “Fizemos justiça à categoria bancária deste país. São trabalhadores que se dedicam a assegurar tantos direitos que vão além de benefícios sociais, mas também serviços bancários no dia a dia da população”, ressaltou. Conforme lembra Sergio Takemoto, só este ano a Fenae enviou dois ofícios ao Ministério da Saúde pedindo a vacinação dos empregados da Caixa Econômica Federal. “Os bancários estão mais suscetíveis à contaminação pela covid-19 dado o atendimento bancário ocorrer em ambiente fechado, com manipulação de cédulas e documentos que passam por várias pessoas”, observa. “Desde o início da pandemia, os empregados da Caixa estão expostos a altos riscos de contágio; mesmo assim, permanecem empenhados na assistência a milhares de brasileiros”, acrescenta o presidente da Fenae. Na última semana, representantes dos bancários se reuniram com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em Brasília. No encontro, as entidades sindicais entregaram ofícios e pareceres médicos e técnicos que atestam a necessidade de os empregados dos bancos — considerados essenciais para o país pelo Decreto 10.329, de abril do ano passado — serem incluídos nas prioridades do Programa Nacional de Imunização (PNI) do SUS. Além da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), participaram do encontro com o ministro dirigentes do Comando Nacional dos Bancários e do Sindicato dos Bancários de São Paulo. URGÊNCIA — “A situação é urgente. Não dá para esperar mais. Os números de contaminação mostram a gravidade do problema”, ressalta o presidente da Fenae. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) compilados pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontam 152 desligamentos por morte ocasionada pela covid no universo bancário, neste primeiro trimestre. No mesmo período do ano passado, foram 55, o que representa um aumento de 176% deste tipo de afastamento. Sergio Takemoto também chama a atenção para os primeiros resultados do “Dossiê Covid” entre os trabalhadores da Caixa. De acordo com o levantamento, cerca de 70% dos empregados do banco público ouvidos na pesquisa “Covid-19 como uma doença relacionada ao trabalho” atuam em agências e outras unidades da empresa onde faltam ventilação, janelas ou abertura para o ambiente externo. Os bancários também informam que há contato próximo com colegas e clientes, em menos de dois metros de distância. Há, ainda, registros de falta de máscaras em número suficiente para trocas periódicas. O levantamento é desenvolvido por pesquisadores das universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp) e Federal do Pará (UFPA) por meio de acordo de cooperação entre a Fenae e a Associação de Saúde Ambiental e Sustentabilidade (Asas). Na Caixa, 628 trabalhadores já foram entrevistados pela pesquisa nacional, cujo objetivo é dar visibilidade à relação entre a atividade profissional e o adoecimento por contaminação pela covid-19.