Economia

Presidência do Cade: Bolsonaro assusta mercado e atende Centrão; entenda

Presidência do Cade: Bolsonaro assusta mercado e atende Centrão; entenda


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O presidente Jair Bolsonaro nomeou nesta quarta-feira (30) o atual superintendente-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Alexandre Cordeiro , para o cargo de presidente do órgão, com mandato de quatro anos. No mercado, a indicação é vista com apreensão.

O mandato atual de Cordeiro na superintendência-geral, de dois anos, termina em outubro. A indicação foi publicada no Diário Oficial da União e Cordeiro deverá ser sabatinado pelo Senado

A nomeação consagra o sucesso da articulação política de Cordeiro, que tem como padrinho o senador e líder do Centrão Ciro Nogueira (PP) e, desde 2019, aproximou-se de gente próxima ao presidente, como o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten.

Em campanha nos bastidores desde o ano passado, Cordeiro articulou uma dobradinha com o então presidente do órgão, Alexandre Barreto, para trocar de cargo com o xará. O mandato de Barreto acabou na semana passada.

Barreto é próximo do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e foi chefe de gabinete do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas. Sua proximidade com Calheiros pode ter minado as chances de sucesso da dobradinha.

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Esta é a quarta indicação consecutiva de Cordeiro no Cade, o que lhe garantirá uma longevidade inédita no órgão. O atual superintendente-geral chegou ao Cade em 2015, no governo Dilma, e emplacou seu nome também nos governos Michel Temer e Bolsonaro.

No meio de seu mandato, em setembro de 2017, Cordeiro conseguiu que o então presidente Temer o nomeasse superintendente-geral do Cade.

A nomeação à época foi uma surpresa, porque um mês antes Temer havia enviado ao Congresso a indicação de uma servidora do órgão, Amanda Athayde, para o posto de superintendente-geral. A reviravolta gerou mal-estar no Cade na ocasião. Hoje, Athayde não atua mais na autarquia.

A gestão de Cordeiro tem sido marcada por uma forte centralização quanto a promoções e exonerações de servidores. Sob seu comando, ao menos seis servidores técnicos de longa data, elogiados pelos pares e pelo mercado, pediram para sair ou foram dispensados.

O estilo político de Cordeiro é visto com restrições em grandes bancas de advocacia e também por servidores do Cade, que também se queixam reservadamente do caráter pouco técnico e centralizador das promoções e nomeações do futuro presidente do órgão.