Marília

Justiça de Marília manda acusado de matar trans para júri popular

Justiça de Marília manda acusado de matar trans para júri popular

O administrador de empresas Leonardo Cafer Júnior, acusado de matar a transexual  Marcelle Brandino em dezembro de 2019, será levado a júri popular. A decisão do juiz José Augusto França Júnior, da 3ª Vara Criminal de Marília, rejeita pedido de absolvição sumária de Leonardo.

A medida acompanha manifestação do Ministério Público e qualifica Leonardo acusado de homicídio qualificado por uso de meio cruel. Marcelle foi asfixiada durante discussão em um motel de Vera Cruz.

A decisão cita a denúncia com acusações de que o administrador, casado e pai de duas filhas, “deu um golpe de ‘gravata’ em Rafael (nome de registro da transexual), “agiu com intenção de ceifar a vida da vítima, pois é faixa preta de jiu jitsu” e “em seguida, ocultou o cadáver do ofendido em um matagal na Rodovia SP-333”.

A defesa de Leonardo, coordenada pelo advogado Allan Kardec Moris, de Oriente, onde Leonardo vive com a família, Leonardo agiu em legítima defesa depois de ser agredido por Marcelle.

Leonardo disse em seu depoimento no processo que encontrou Marcelle em um site de encontros sexuais e combinou um encontro no motel.  Afirmou que ao chegar a trans pediu pagamento adiantado e logo em seguida desistiu do encontro, mas pediu R$ 60 para gastos de transporte.

O administrador afirmou que entregou R$ 70 e pediu troco mas que “Rafael explodiu e ficou ainda mais nervoso, dizendo que por isso, LEONARDO deveria pagar mais R$ 500,00”.

Afirmou que a vítima começou a arranhá-lo e dar-lhe socos e neste momento aplicou o golpe “sem saber especificar por quanto tempo”. Disse ainda que se desesperou e colocou-o no carro, com “a intenção de deixar Rafa Nunes em algum local conhecido para que, ao acordar, ele pudesse ir embora”.

Foi avisado na portaria que Marcelle foi ao local com seu carro e estacionou em local proibido. “Então, retornou em marcha ré com seu veículo até a garagem da suíte, pegou o carro de Rafa Nunes e estacionou-o do lado de fora. Pegou seu carro, efetuou o pagamento e saiu do local.”

Teria dito que Marcelle estava desacordada e drogada. “Ao ser perguntado se o deixaria naquela situação, sozinho, ele disse que levaria o ofendido até um pronto-socorro caso fosse necessário” e que Marcelle voltaria para pegar o carro.

“Nota-se que as versões dos envolvidos colidem em alguns pontos cruciais. De um vértice, LEONARDO obtempera que agiu somente em legítima defesa, na medida em que foi atacado e ameaçado injustamente por Rafa, após discussão no quarto do motel. Por outro lado, há depoimentos de testemunhas que não ouviram qualquer discussão ou ato irregular dentro do estabelecimento.”

A defesa ainda pode recorrer contra a decisão. Leonardo, que foi preso logo após a descoberta do crime e libertado dias depois, será mantido em liberdade. Veja a íntegra da decisão.