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Araçatuba: Antes de morrer, empresário enviou áudio: "Fui atingido, meu Deus"

Araçatuba: Antes de morrer, empresário enviou áudio: "Fui atingido, meu Deus"


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O empresário Renato Bortolucci, de 38 anos, morto enquanto filmava a ação de bandidos durante assalto em Araçatuba, enviou um áudio por aplicativo de conversas no qual revelou ter sido atingido por um disparo. A informação foi dada primeiro pelo Metrópoles e confirmada pelo GLOBO, que também teve acesso a mensagens encaminhadas pelo empresário, dono de um posto na cidade. A Polícia Federal assumiu as investigações do caso, segundo informou o órgão nesta terça-feira.

“Nossa, fui atingido, mano. Nossa senhora, meu Deus! Ai”, disse Bortolucci no aúdio compartilhado por amigos.

A suspeita é de que Bortolucci tenha sido atingido por um tiro de fuzil na cabeça enquanto realizava as filmagens na madrugada desta segunda-feira. Ainda não se sabe se ele foi surpreendido por um dos criminosos ou alvejado por uma bala perdida, já que estava na linha de tiro, segundo uma fonte policial.

Em vídeo obtido pelo GLOBO, o empresário, escondido atrás de um carro, grava o momento em que criminosos efetuam disparos. Nas imagens, é possível escutá-lo falando: “Pera aí, é o Renatinho, vou trocar uma ideia com vocês aí”. Em seguida, diante do barulho de tiros, emenda: “Não deu muito certo, não. O cara não gostou, não. Falei que ia trocar uma ideia com ele. Também quero uma fatia, filho”.

Bortolucci também enviou outros áudios em que parece debochar da situação. Ele teria estacionado seu carro, um Hyundai Creta, no centro da cidade para acompanhar os desdobramentos do assalto, que envolveu cerca de 20 criminosos fortemente armados. Seu corpo inclusive foi encontrado no veículo, parado sobre uma calçada.

“Rapaz, o tiroteio aqui no centro está louco, mano. Está louco, louco, louco, rapaz. Você não está ligado”, grita em um dos áudios. Em outros dois é possível ouvir o som dos tiros e de dispositivos de seu carro. “Ninguém encosta, moleque”, diz.

A Prefeitura de Araçatuba confirmou que, além de Bortolucci, o personal trainer Márcio Victor Possa da Silva, de 34 anos, está entre as vítimas. A terceira pessoa morta seria um dos criminosos, que não teve a identidade revelada. Ao menos outras cinco pessoas deram entrada em hospitais da cidade de cerca de 200 mil habitantes, localizada a 521 quilômetros da capital paulista.

Um rapaz que estava de bicicleta teve os pés amputados após ser atingido por um explosivo. Ele confundiu o artefato com um smartphone. De acordo com o Hospital Santa Casa, o quadro clínico de quatro dos feridos é estável e um já recebeu alta. Veja a atualização do boletim divulgado na manhã de hoje:

Você viu?

– Homem de 28 anos: Pós-cirúrgico em boa evolução. Quadro clinico estável. – Homem de 31 anos:  Já extubado e ainda em avaliações.  Quadro clínico estável. – Homem de 38 anos:  Pós cirúrgico em boa evolução. Quadro clínico estável. – Homem de 25 anos: Pós cirúrgico em boa evolução. Quadro clínico estável.

Terror e caos Após o ataque às agências bancárias, por volta de 0h, a quadrilha de aproximadamente 20 integrantes abordou pedestres e motoristas e cercou bases policiais. Os criminosos também atearam fogo em veículos.

De acordo com a prefeitura, pelo menos duas agências tiveram seus caixas danificados por explosivos e outras agências foram alvo de disparos de arma de fogo. Também foram deixados explosivos em pelo menos 14 pontos da cidade, incluindo um caminhão carregado com substância química.

Imagens que circulam em redes sociais mostraram explosivos espalhados pelas ruas, criminosos atirando e a movimentação policial. Os bandidos usaram drones para monitorar a atuação das forças de segurança. Eles ainda fecharam alguns acessos à cidade, e algumas lojas foram danificadas.

Policiais militares que atuam na capital do estado estão em Araçatuba para apoiar nas buscas e no recolhimento dos explosivos. Agentes dos Batalhões de Ações Especiais da Polícia (BAEP) das regiões de Bauru, Presidente Prudente e São José do Rio Preto também foram acionados.

A PF ficará com as apurações já que duas agências bancárias envolvidas, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, são instituições ligadas ao governo federal.