Alguns lagos ao redor do mundo ajudam a compor paisagens tão deslumbrantes que fica até difícil acreditar que eles são, na verdade, frutos de intervenção humana na natureza. A criação de lagos artificiais data de cerca de 3 mil anos A.C., quando agricultores utilizavam o represamento de água para a irrigação.
Atualmente, essas obras desempenham as mais variadas funções, como armazenamento de água para abastecimento, construção de barragens hidrelétricas, controle de enchentes, prática de esportes náuticos ou criação de peixes, entre outros.
No Brasil, a criação de lagos artificiais é motivada principalmente pela geração de energia hidrelétrica. No entanto, essas obras também geram desdobramentos em diversos outros segmentos da economia e da sociedade, como o turismo, por exemplo. Atualmente, a legislação determina a exploração do potencial turístico destes lagos como forma de retorno econômico para a comunidade local e compensação por eventuais impactos ambientais provocados pela construção.
Veja a seguir alguns exemplos de lagos artificiais que se destacam no Brasil e no mundo por sua beleza e também pela intensa cadeia turística gerada a partir de suas construções:
Furnas
O lago da Usina Hidrelétrica de Furnas, em Rio Grande, em Minas Gerais, é considerado por muitos como o “Mar de Minas”. Com uma superfície de 1.458 km², o lago abrange 34 municípios e contempla diversas atrações turísticas em toda a sua extensão.
O Circuito Turístico Lago de Furnas é formado por 12 municípios e oferece opções de lazer como esportes náuticos, cachoeiras, serras, trilhas ecológicas, pesca e uma rica variedade de festas populares e fazendas centenárias que remetem ao auge do café. As cidades contam com estrutura turística com hotéis-fazenda, pousadas e restaurantes que exaltam a tradicional culinária mineira.
Itaipu
O lago de Itaipu, situado no rio Paraná, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, tem a maior usina hidrelétrica do mundo. Formado artificialmente em 1982, abrange uma área colossal de 1.350 km² e 66 pequenas ilhas.
O lago forma o chamado complexo turístico da Itaipu Binacional e atrai turistas tanto no lado brasileiro quanto no território paraguaio, com atrações como praias de água doce, clubes e bases náuticas. Juntamente com as célebres Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu (PR), o lago de Itaipu forma a Costa Oeste, que é atualmente o segundo maior polo de atrações turísticas do Brasil. Na parte paraguaia, o destaque é o Museu da Terra Guarani, com diversas exposições sobre a cultura dos povos nativos da região.
Lago Paranoá
Uma das principais atrações de Brasília, é o que chamamos de lago urbano planejado. O lago Paranoá foi idealizado para proporcionar um contraponto climático à paisagem árida típica da região. Portanto, sua vocação principal é para recreação e paisagismo, sendo a geração de energia pela Usina Hidrelétrica do Paranoá sua utilização secundária.
Em seu entorno há clubes esportivos, ciclovias, mirantes, parques infantis, quiosques, restaurantes com música ao vivo e competições de modalidades como barcos a vela, wakeboard e wakesurf. Tudo isso emoldurado com a bela e moderna Ponte Juscelino Kubitschek, inaugurada em 2002 e que logo se transformou em um dos cartões-postais da capital federal.
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Lago Corumbá IV
Um dos mais novos desta lista, foi criado há 15 anos para a exploração do potencial hidrelétrico do Rio Corumbá. O lago engloba sete municípios em Goiás e se consolidou como o principal cartão-postal da região. Grandes empreendimentos começam a surgir no entorno do lago, e os visitantes já podem contar com uma oferta considerável de opções para diversão e lazer.
Diante de suas dimensões grandiosas, com área de 173 km² e capacidade de 3,7 trilhões de litros de água, em seu entorno estão localizadas diversas pousadas, clubes e restaurantes. Um dos destaques é a Fazenda Canoa, condomínio reserva voltado para o contato com a natureza e a prática de esportes náuticos.
Lago Kariba
O lago Kariba foi criado a partir da barragem no rio Zambezi, na fronteira entre a Zâmbia e o Zimbábue, em 1959. Trata-se do maior lago artificial do mundo, com extensão impressionante de 5,4 mil km² e cerca de 300 ilhas. Por conta das limitações econômicas dos dois países, ainda não desenvolveu plenamente suas potencialidades turísticas, mas o segmento vem ganhando força por lá nas últimas décadas.
Entre as principais atrações está o Parque Nacional Matusadona, no Zimbábue, que estimula a recreação e a preservação da vida selvagem, além de atividades relacionadas à pesca esportiva e trilhas ecológicas.
Lago Nasser
Com área de 5.250 km², o Lago Nasser foi criado por meio de uma barragem no Rio Nilo em 1971. Como curiosidade, a região que foi inundada para a criação da represa contava com diversos sítios arqueológicos construídos na Antiguidade.
Os monumentos pertencentes aos templos de Abu Simbel foram desmontados pedra por pedra, sob supervisão de arqueólogos e estudiosos, e realocados em um território próximo, situado na margem oeste do Lago Nasser, fora do alcance das águas. Este complexo, conhecido como Monumentos Núbios, foi declarado patrimônio mundial pela Unesco e atualmente atrai milhares de visitantes de todo o planeta.
Lago Williston
Conhecido como o país com maior número de lagos de água doce do mundo, o Canadá também possui os exemplos de intervenções humanas na natureza. Um dos principais lagos artificiais do país é o Lago Williston, criado em 1968 e com área inundada de mais de 1,7 mil km².
Localizado ao norte da província da Colúmbia Britânica, no sudoeste do país, o Lago Williston se destaca pelas paisagens montanhosas e pela existência de diversos parques ao longo da extensão. Ele faz jus à cultura local, que utiliza os numerosos lagos como uma das principais formas de lazer da população. O Williston conta com diversos resorts, pousadas e estâncias, que oferecem atividades como esqui, cavalgadas, pesca no gelo e passeios de caiaque.