O Ministério Público do Estado de São Paulo denunciou o empresário Francis Vinícius Bez Angonese, 31 anos, por duplo homicídio tentado na troca de tiros com policiais militares no dia 30 de setembro em Marília.
A denúncia é o primeiro passo para instauração do processo penal contra o empresário, que cumpre prisão preventiva. O promotor Rafael Abujamra aponta duplo homicídio tentado com qualificadoras que ampliam a pena: assegurar ocultação de outros crime (disparo de arma de fogo) e cometer o crime contra autoridade policial. O inquérito policial sobre o caso não havia incluído as qualificadoras.
A apresentação da denúncia não é a única novidade no caso. O juiz Fabiano da Silva Moreno, da 3ª Vara Criminal determinou encaminhamento de ofício ao Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo para que marque a data de um exame de sanidade mental do empresário.
A defesa aponta que os disparos aconteceram durante um surto psicótico e informou que ele faz uso de remédios controlados.
A mãe do empresário, que estava com ele quando ocorreu a troca de tiros, afirmou em depoimento que ele consumiu bebida alcóolica depois de usar os remédios momentos antes do crime.
“MATO OU MORRO”
O promotor Rafael Abujamra pontuou que no dia do crime – “irritado por uma discussão anterior que mantivera com o vigilante que atua na rua de sua residência por questões de somenos e após ingerir voluntariamente bebida alcoólica” -, FRANCIS passou a efetuar disparos com sua espingarda calibre 12 e uma de suas pistolas para o alto “enquanto gritava ‘hoje eu mato ou eu morro’”.
“Apesar dos esforços dos policiais e sem se render, visando assegurar a impunidade do delito anterior (disparo ilegal de arma de fogo), o INCREPADO imediatamente abriu o portão da residência, empunhando uma pistola 9mm equipada com mira laser e dizendo que mataria a todos”, diz o promotor.
A denúncia destaca que Francis “passou a efetuar disparos contra as vítimas que, mesmo abrigadas atrás de postes existentes na via pública, acabaram alvejadas”.
O sargento João Fernando foi atingido quatro vezes (coxa esquerda, pé esquerdo, braço esquerdo e costas) e o Cabo Marcos foi atingido duas vezes (coxa e perna esquerdas).
“Assim, verifica-se que os homicídios não se consumaram por circunstâncias alheias à vontade do autor, principalmente pela rápida atuação dos policiais que atendiam a ocorrência e alvejaram o atirador, inabilitando-o, bem como pelo pronto e eficaz socorro médico prestado às vítimas”, diz o promotor.
A acusação ressalta ainda que os crimes foram cometidos durante a vigência de estado de calamidade pública em condição que sobrecarrega ainda mais os serviços públicos.