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Vacinas da Covid-19 têm prazo de validade para viagens internacionais

Vacinas da Covid-19 têm prazo de validade para viagens internacionais


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Fazia meses que John Henretta, de 75 anos, de Gainesville, na Flórida, estava ansioso para que chegasse logo junho e ele pudesse ir para a Suíça com seu grupo de caminhadas. Há pouco tempo, porém, percebeu um detalhe surpreendente: a partir de fevereiro, o viajante teria de provar que tomou a última dose de vacina contra a Covid-19 até 270 dias antes de entrar no país.

Começou a fazer as contas, já que recebera o reforço em setembro. Ficou com a impressão de que depois de 22 de junho sua vacinação não seria mais considerada completa. Segundo o consulado suíço em Atlanta, os norte-americanos precisam ter a imunização integral mais a dose de reforço para entrar no país, o que sugeria que seria barrado se tentasse entrar na data marcada de sua viagem. Será que era isso mesmo?

A resposta é sim. Mas chegar a essa conclusão não foi fácil, já que diversos sites oficiais e de companhias aéreas pareciam contradizer uns aos outros.

— A pessoa tem de ser considerada totalmente vacinada. Se o turista estrangeiro recebeu o reforço ou a segunda dose há mais de 270 dias da chegada, não poderá entrar. Mas as regras podem mudar de novo antes disso — explica Divine Bonga, diretora de comunicação da Suíça para o turismo na América do Norte.

Henretta diz que achou estar agindo certo ao escolher a data para receber o reforço:

— A maior ironia é que marquei a vacinação para uma das primeiras datas disponíveis, e é justo isso que agora vai me prejudicar.

Por enquanto, a Suíça é exceção ao limitar a entrada de turistas vacinados dessa forma, mas outros governos também já começaram a impor limites na validade da imunização de quem tem apenas uma ou duas doses.

A situação de Henretta é excepcionalmente complicada, mas mostra quanto as regras estão se tornando confusas e mutáveis. Veja aqui como algumas dessas exigências estão sendo aplicadas ao redor do mundo.

Outros países também estão impondo limites de validade de vacinação e dose de reforço?

Sim, mas a maioria ainda permite a entrada.  Malta, por exemplo, estipula prazo para as duas primeiras doses; a pessoa tem de ter tomado a segunda há, no máximo, três meses da chegada. O prazo do reforço vence em nove meses, mas, ao contrário da situação suíça, o viajante com a vacina vencida ainda pode entrar. A questão é que será tratado como não imunizado, o que significa que terá de apresentar o resultado negativo de um exame para a Covid e cumprir quarentena de 14 dias em local designado pelo governo.

Regra semelhante segue a  Bulgária, onde o certificado é válido a partir do 15º dia até o 270º da última dose, sem exceções aparentes para o reforço — mas, como os não vacinados também podem entrar, quem está com o prazo vencido só precisa exibir um resultado negativo de exame.

A política israelense era a mais próxima da suíça. Ali, a segunda ou a terceira dose eram válidas apenas por seis meses; portanto, segundo essas regras, quem tomou o reforço em dezembro não pode entrar em junho ou julho, a menos que a quarta dose já esteja disponível até lá. A regra, no entanto, irá mudar a partr de 1º de março, quando o país passará a permitir a entrada de viajantes estrangeiros não vacinados.

Como os outros tipos de validade vacinal afetam o viajante?

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Em alguns casos — por exemplo, o da  França  e o da  Estônia  —, há prazo limite para quem tem vacinação completa, mas sem reforço (nove meses para o primeiro, um ano para o segundo). Como esses países proíbem a entrada de turistas dos EUA e de algumas outras nações que não tiverem as duas doses, se a pessoa recebeu a segunda carga antes de 17 de maio só pisa em solo francês com a terceira. Esta, aliás, facilita as coisas quando se trata de limitações de tempo, já que esses lugares a consideram um tipo de dose adicional sem data de validade.

Na  Irlanda  e na  República Tcheca, quem tomou a segunda dose há mais de nove meses é considerado não vacinado. Na  Croácia  a mesma coisa, mas há diferença no prazo: um ano.

Há algum país que exija a dose de reforço como requisito para entrada?

Atualmente, não. Na  Áustria, por exemplo, só é considerado integralmente vacinado quem tomou as três doses, mas o viajante que não preencher esse requisito pode entrar com o resultado negativo para um exame PCR.

Por que os países impõem esses limites?

Segundo Bonga, um dos motivos é estimular a vacinação de reforço. Além disso, há provas de que as vacinas deixam de oferecer o mesmo nível de proteção com o passar do tempo.

O que fazer se entidades e sites diferentes oferecerem informações conflitantes?

Isso pode acontecer. Para confirmar os prazos e detalhes de vacinação, por exemplo, Henretta não conseguiu uma resposta direta; longe disso, aliás. O prazo de validade da vacina (270 dias) estava claro, mas as diversas fontes não concordavam com a entrada de norte-americanos considerados não vacinados.

O representante do setor governamental de informações de viagem sugeriu que era possível, e nesse caso Henretta só teria de mostrar o resultado negativo do exame. A Swiss International Air Lines, a princípio, respondeu a mesma coisa, no site e por e-mail, mas a Secretaria de Estado para Imigração, dois representantes do Ministério do Turismo suíço e o instrumento oficial de entrada foram discordantes: turista norte-americano sem vacinação ou com doses vencidas não entra. A certa altura, um representante da aérea esclareceu a questão: os não vacinados de alguns países podem entrar com o exame, sim, mas não os cidadãos países classificados como de alto risco, como os EUA.

No fim das contas, quase todo mundo chegou a um acordo: Henretta só pode pegar o voo transatlântico se uma quarta dose se tornar disponível ou se as regras mudarem, o que vem sendo feito com frequência.

Normalmente, as companhias aéreas são a melhor opção para quem quer sanar dúvidas relativas a exigências, uma vez que são seus funcionários que decidem quem preenche esses requisitos.

O que as pessoas que receberam o reforço logo no início da campanha devem fazer se já têm uma viagem planejada para agosto/setembro deste ano? É preciso continuar monitorando as regras do local de destino, pois estão mudando com frequência. No caso da Suíça, há chances de que o país altere suas regras antes do fim de junho, quando os vacinados precoces começam a descobrir que o reforço já é considerado “fora da validade”.

Fonte: IG Turismo