A Santa Casa de Marília retomou neste mês a realização de transplantes renais, procedimentos que ficaram suspensos por dois anos durante a pandemia de Covid-19.
A retomada resgata uma tradição de 40 anos de procedimentos, com 693 transplantes realizados desde 1982. É o quinto maior centro de procedimentos do gênero no interior do Estado, atrás de Campinas, Botucatu, São José do Rio Preto e Ribeirão Preto.
“O Coronavírus era algo desconhecido para todos e a medida de interromper os transplantes foi tomada pelo nosso serviço por desconhecermos a possibilidade de transmissão de Covid do doador para o paciente”, comentou o médico nefrologista da Santa Casa de Marília, José Cícero Guilhen.
Ele explica que com a desaceleração de contágios e mais estudos sobre o assunto a instituição entendeu que há segurança para a retomada.
A indicação de transplantes acontece para pacientes com insuficiência renal crônica. Hoje, a Santa Casa de Marília atende 220 pacientes em hemodiálise e 108 em diálise peritoneal, sendo responsável por mais de 40% da demanda regional.
Mas nem todos podem ser encaminhados para transplantes, principalmente por conta de doenças pré-existentes que representariam riscos aos pacientes.
A Santa Casa de Marília faz, em média, 2.700 sessões de hemodiálise por mês a pacientes de 62 municípios abrangidos pelo DRS IX (Departamento Regional de Saúde), sendo mais de 90% deles atendidos via SUS (Sistema Único de Saúde). O serviço é oferecido há 43 anos.
A doação de rim pode ser feita em vida e neste caso, em que o doador doa um rim geralmente para um familiar compatível, não existe fila de espera. Já as doações de falecidos, seguem uma central de regulação estadual, que identifica a compatibilidade tecidual com o receptor.
“Esse controle é feito de forma ética pela Secretaria de Estado da Saúde. Após retirado, o rim tem 48 horas para ser transplantado, porém, vale lembrar que o quanto antes for realizado o procedimento a chance de sucesso é maior.”
A central checa se existem receptores compatíveis na região de Marília, depois no Estado e caso não haja, então é acionada a central nacional para que seja feita a destinação adequada a um receptor de rim, explicou Guilhen, que também é docente da Famema (Faculdade de Medicina de Marília).
A equipe de transplantes renais da Santa Casa de Marília conta com médicos nefrologistas, vasculares e urologistas, além de equipe multiprofissional (Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia e Serviço Social). Profissionais de Radiologia, Anestesiologia, UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e Laboratório São Francisco são outros parceiros importantes para a realização dos procedimentos do gênero.