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Ex-seminarista vai à polícia por ‘segurança’ após denunciar padres por abuso em Assis

Ex-seminarista vai à polícia por ‘segurança’ após denunciar padres por abuso em Assis

Um ex-seminarista de 36 anos registrou um boletim em Assis para “garantia” e “segurança pessoal” após repercussão de uma denúncia de abuso sexual que ele registrou contra dois padres na Diocese daquela cidade.

Os casos teriam acontecido entre 2002 e 2003, quando ele começava sua formação com objetivo de tornar-se padre. Ele acusa também tentativa de suborno para calar as denúncias em mensagens que foram gravadas e já apresentadas à Igreja Católica e agora à Polícia Civil.

Registrou o boletim depois de as informações com as denúncias circularem em veículos de comunicação. Primeiro no Blog do Rodrigo, em Marília, e depois em outras mídias.

“Esclarece que procurou a Unidade por temer por sua segurança esperando que as providências sejam tomadas”, diz o registro na polícia. Indicou testemunhas que podem falar sobre o caso.

Os padres seguem em atividade em cidades vinculadas à Diocese de Assis. Os nomes são mantidos em sigilo em função de não haver denúncia judicial contra eles e também para reforçar preservação do ex-seminarista, denunciante.

Os casos teriam ocorrido primeiro como violência sexual e o segundo como relacionamento abusivo em que o padre teria usado a procura por orientações como forma de conquista e uso sexual.

As duas histórias ficaram engavetados por anos até que o ex-seminarista decidiu quebrar o sigilo, em 2021, em caso que já chegou ao vaticano e voltou para investigações.

O primeiro abuso, no final de 2002, teria ocorrido em uma casa paroquial de Iepê. Ele relata passo-a-passo dos momentos do ataque.

“Ele foi até o quarto de visitas e deitou ao meu lado…convidou para dormir no seu quarto..a justificativa era que havia ar condicionado…acordei com o padre ofegante forçando seu corpo sobre o meu…como se ali não tivesse um ser humano.”

Disse ainda que tentou questionar o religioso a respeito, mas o padre teria usado a hierarquia para calar o seminarista. Meses depois procurou o outro acusado em busca de orientação. Contou sobre sua sexualidade e o que sentia, mas não teria revelado o caso de estupro

“Ele passou a me convidar para fazer parte de sua vida, sair à noite, tomar café juntos.” Os convites teriam evoluído para um encontro consentido, E para relacionamento em que o ex-seminarista disse ter sido transformado em “brinquedo sexual”.

As denúncias foram registradas em janeiro de 2021 na sede do Tribunal Interdiocesano de Botucatu em Assis. Mas o denunciante diz não ter informações sobre o andamento. O processo tem forte controle de sigilo.

O ex-seminarista é casado e diz que a decisão de denunciar os abusos foi tomada depois que ele revelou a situação à esposa. Disse que recorreu a terapias e a tratamento psiquiátrico e toma remédios para depressão.