Proxy war (ou “Guerra por Procuração”) é uma expressão utilizada para definir o tipo de situação em que países se utilizam de terceiros para um confronto indireto. Situação típica, por exemplo, do período da Guerra Fria, quando Estados Unidos e União Soviética levaram suas rivalidades para conflitos locais.
Guardadas as devidas proporções, foi um pouco do que se viu neste domingo, durante o primeiro debate dos candidatos ao governo de São Paulo. A expectativa das campanhas era por um duelo entre os dois candidatos empatados na segunda colocação — Rodrigo Garcia (PSDB) e Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos). Mas o que se teve foi um repeteco da polarização nacional, com Tarcísio e Fernando Haddad (PT), candidatos de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), protagonizando o principal embate da noite.
Logo no primeiro bloco, Tarcísio, que deixou em cima de sua mesa uma “cola”, levou ao palco uma provocação ensaiada pela campanha: pediu à plateia e aos telespectadores que digitassem no Google a frase “pior prefeito de São Paulo”, em indireta ao candidato petista, que segundo o Datafolha de julho de 2016 teve a pior avaliação já registrada pelo Datafolha entre os prefeitos de São Paulo que tentaram a reeleição.
A estratégia, cujo resultado foi comemorado por estrategistas do candidato, foi usada logo depois de uma pergunta de Haddad sobre qual programa educacional do governo Bolsonaro o ex-ministro gostaria de importar para o estado.
O petista precisou usar o tempo de resposta de uma pergunta feita por Garcia para reagir à provocação: pediu ao público que pesquisasse no Google a palavra “genocida”, em referência a Bolsonaro e sua postura negacionista na pandemia da Covid-19.
Os representantes de Bolsonaro e Lula também receberam ataques dos demais candidatos presentes no debate. Garcia, postulante tucano à reeleição, disse que Haddad é “sempre distraído” e “acorda tarde”. Afirmou ainda que Tarcísio precisa de padrinho político e que até ano passado estava escolhendo com Bolsonaro qual estado iria disputar o governo.
Vinicius Poit, candidato do Novo, deixou o ex-ministro de Bolsonaro sem graça ao perguntar por que ele anda na companhia de “bandidos”, citando o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PTB) e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Tarcísio respondeu apenas que teria um governo técnico. Em outro momento, Poit criticou o partido de Haddad por ter votado contra o fim das “saidinhas” e se referiu ao ex-presidente Lula como “ex-presidiário”.
O debate deste domingo serviu para consolidar a estratégia das campanhas. Candidato da máquina, o governador de São Paulo tentou se desvincular da polarização representada por Haddad e Tarcísio. Defendeu legados tucanos, como o Poupatempo, e insistiu na ideia de não ser candidato nem da esquerda e nem da direita, afirmando não querer “essa briga política” para São Paulo.
Haddad, por sua vez, defendeu as gestões petistas, citando feitos como Prouni e Fies, e seu mandato à frente da Prefeitura de São Paulo. Temas como a renegociação da dívida da cidade e o programa “De Braços Abertos” foram trazidos pelo candidato, que prometeu elevar o salário mínimo do estado para R$ 1,5 mil caso eleito.
Já Tarcísio, deu continuidade ao movimento das últimas semanas de se aproximar de seu principal fiador político, o presidente Jair Bolsonaro. Para isso, iniciou o debate agradecendo a Deus e à sua família, em retórica parecida com a do presidente, e ainda no primeiro bloco elogiou iniciativas do governo federal, como a redução da dívida do Fies e o novo piso salarial para os professores.
Ainda desconhecidos de parte da população, Poit e o ex-prefeito de Santana de Parnaíba (SP) Elvis Cezar (PDT) apresentaram ao público suas carreiras na vida pública e privada e expuseram algumas de suas propostas para São Paulo.
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Fonte: IG Política