Saúde

Mais de um bilhão de jovens correm o risco de comprometer a audição

Mais de um bilhão de jovens correm o risco de comprometer a audição
 

Mais de um bilhão de jovens no mundo correm o risco de comprometer a audição devido a comportamentos de risco, como exposição prolongada e excessiva à música alta, seja no fone de ouvido ou não. O dado alarmante é fruto de um levantamento da OMS (Organização Mundial da Saúde). Ao iG , a fonoaudióloga Graciane Gomes, da clínica Sonorità Aparelhos Auditivos, explica por que isso acontece, como tratar e, principalmente, prevenir.

Segundo Graciane, o ouvido humano tem um limite de volume sonoro ao qual ele pode ser exposto, que é de 85 dB (sigla para decibéis). Acima deste nível, as chamadas células ciliadas, que são os receptores sensoriais do sistema auditivo, são lesionadas. A partir daí, a audição pode ser comprometida, muito ou pouco, de forma temporária ou permanente. Os especialistas consideram que a audição pode ser comprometida em quatro graus de intensidade: leve, moderada, severa e profunda.

A fonouadióloga explica que um trabalhador de uma fábrica, por exemplo, pode trabalhar sob um volume de até 85 decibéis por até seis horas por dia, sempre utilizando o protetor auricular. Em festas, onde não há uma medição controlada das caixas de som, as pessoas no evento correm o risco de comprometer a audição.

Geralmente, as perdas auditivas que ocorrem nesses eventos temporárias e duram até, no máximo, 24 horas. Mas, há casos em que não.

“Eu conheço um caso de uma paciente que estava em uma festa rave e teve um comprometimento severo, quase profundo, em um dos ouvidos”, afirma a especialista. “Em determinado momento, deu uma microfonia muito alta e ela estava muito próxima a caixa de som.”

É comum jovens que frequentam festas com sons muito altos, como festas universitárias e raves, voltarem para casa ouvindo uma espécie de zumbido — um barulho semelhante a “pi” persistente que pode durar horas e horas. Este, de acordo com Graciane, é um dos sintomas que as células ciliadas auditivas foram lesionadas. Normalmente, esse zumbido costuma desaparecer depois de algumas horas. Mas pode durar por muito mais tempo, o que significa que o comprometimento auditivo foi de caráter permanente.

Existe uma técnica para tratar o zumbido associado à perda auditiva em que o paciente é exposto a um ruído “branco”, como as ondas do mar. Esse som vai enganar o ouvido — a pessoa para de prestar atenção no zumbido e começar a atentar ao som das ondas. Mas, segundo a fonoaudióloga o único tratamento que existe para tratar o comprometimento da escuta, uma vez que as células ciliadas foram lesionadas, é o uso de um aparelho auditivo. 

Para evitar um problema que pode ser irreversível, a especialista orienta usar protetores auriculares em festas e outros eventos com muito ruído e ouvir música em volume dentro do tolerável no fone de ouvido. Ela ressalta, ainda, que se deve evitar introduzir hastes flexíveis, como cotonetes, dentro do canal auditivo — isso pode perfurar a membrana timpânica — e realizar regularmente o exame de audiometria, que avalia a integridade do sistema auditivo.

Fonte: IG SAÚDE