Todo mês ela vem e cada mês é diferente.
Há meses em que pensamos que ela não virá. Não dá aviso, não chega derrubando portas como costumeiramente faz.
Silêncio total! Até estranhamos: ué, não era para está aqui?
Era, mas ela resolveu não aparecer, não deu as caras, as pintas, como diz o povo.
Mas quando ela chega, minha amiga, é fazendo alarde mesmo, mostrando-se poderosa, forte, contundente, feroz.
Não há como confundi-la, aliás, no início até pensamos ser outra coisa, mas depois ela diz nome, sobrenome e endereço.
Há meses em que ela vem chorosa, carente, preguiçosa, solicitando abraços, beijos, carinhos sem fim.
É comilona, já vai pedindo à anfitriã o que há de mais gostoso na residência, às vezes, obriga ir ao mercado, ou a um bar, comprar um doce, um chocolate. Quer ser bem recepcionada.
Em alguns meses ela vem brava, puxa pelo colarinho, fala desaforos, fica nervosa com a respiração de algumas pessoas, respira fundo para não dar umas bofetadas em outras.
Quem a recepciona nunca está preparada para recebê-la. Como lidar com tantas alterações de humor? Questiona a anfitriã.
Dizem as más línguas que ela não existe. Quem a recebe responde que é porque não a conhecem, se a conhecessem teriam certeza da sua existência.
É desprovida de beleza e de extremo mau-caráter porque sempre se aproveita da fraqueza daquelas que a recebem.
Não é bem-vinda, mas inevitavelmente, vem.
Há pessoas que preferem encontrar-se com ela todo mês, do que ficar algum tempo sem vê-la.
Odiamos sua presença, gostamos das suas consequências.
Por aqui, montamos o kit recepção: chás, bolsa térmica, um doce escondido no armário e evitamos contato humano.
Tudo pronto! Ufa, bem-vinda TPM.