Marília

Projeto com grafite muda os muros da Apae e cria referência cultural em Marília

Muros da Apae de Marília foram revitalizados em obra de grafite e criam referência cultural – Divulgação
Muros da Apae de Marília foram revitalizados em obra de grafite e criam referência cultural – Divulgação

Um trabalho voluntário com apoio de uma tradicional indústria de Marília transformou muros da Apae (Associação de Pais e Amigos de Excepcionais) na cidade em nova referência cultural e artística com projeto de grafite.

Desenvolvida por três meses e meio pelo artista @igormatanoart, a obra ocupa aproximadamente 500m² de muros, dá um novo aspecto e caraterística à instituição que é símbolo de atendimento em saúde, educação e inclusão social.

Igor Matano, publicitário e artista de grafite, durante desenvolvimento do projeto

Igor, publicitário e dono de academia que começou a pintar na década de 1990 por hobby fez todo trabalho de forma voluntária. A Metalúrgica Marcon doou os materiais e uma placa de inauguração da pintura.

A revitalização começou a ser discutida em 2021 quando Matano procurou a voluntária Mara Carchedi, esposa do presidente da Apae, Marcos Carchedi, com a oferta do projeto.

“Tem tudo a ver com a Apae, com a essência da Apae e com o que a entidade é hoje: uma instituição em desenvolvimento, em modernização, que avança com apoio de trabalho voluntário dos diretores, com muita dedicação de nossa equipe e com a confiança do nosso público. Tudo isso é para eles”, diz Marcos Carchedi.

Muro pintado e o mesmo espaço antes da execução do trabalho: transformação

A remodelação foi integrada a um grande projeto de modernização da associação, que nos últimos anos ganhou novas estruturas, adequou piso, sanitários, criou salas de atividades, mudou playground, portão e muito mais.

“Tenho três colegas que trabalham na Apae, vi o trabalho que a Apae desenvolve, acho bem legal e meu caminho passa por ali. Vi que estava bem degradado. Conversei com a Mara e ela abriu as portas”, diz o artista.

Na época Matano já desenvolvia um projeto que chamou de Grafite na Escola e levou a arte a diferentes instituições da cidade, quase sempre na rede pública.  Na Apae a proposta esbarrou em orçamento apertado e comprometido com os programas sociais de atendimento.

“Conversei com o Silvio Marcon, fundador da Indústria Marcon, e a Daniele, do marketing na empresa, e eles financiaram todo o material.”

Muro revitaliza unidade da Apae e causa impacto em todo o bairro

A execução do projeto foi iniciada em abril de 2022. Igor trabalhou sozinho. “Acredito que virou ponto turístico de Marília, ponto de referência de arte, como outras cidades têm. A Apae é o ‘Beco do Batman’ de Marília”, brinca o artista em referência a um ponto de grafite e arte urbana que virou atração no bairro da Vila Madalena, em São Paulo.

Igor Matano tem 39 anos. Começou a trabalhar com o grafite na adolescência, quando ainda não havia publicações, referências, internet ou material adequado, como os sprays desenvolvidos para arte urbana.

No início dos anos 2.000 foi convidado por uma agência para desenvolver painéis para grandes marcas. O projeto abriu caminho para grandes empresas locais. Mas ele trocou a pintura pela carreira como publicitário, formado pela Unimar.

Inspiração – Filhas são referências constantes no trabalho e acompanham Igor na produção

“Fiquei 13 anos parado com grafite. Quando veio a pandemia comecei a desenhar de novo, nesse caminho casei, tive empresa, tenho duas filhas, trabalhei com outras coisas, tenho uma academia de artes marciais há 16 anos”, explica. As filhas, Beatriz e Isabela, são inspiração permanentes e aparecem nas obras do artista, às vezes em retratos, às vezes como cartoons, astronautas ou personagens

Participou em alguns projetos já apagados, como o museu em céu aberto na antiga Macul e o Beco da rua Ipiranga. Esteve também em ações de arte fora de Marília, teve painéis projetados em prédios de Belém (PA) e outras cidades.

“Minha vida não depende da arte, financeiramente. Comecei com projeto Grafite na Escola. Primeiro na Escola Bicudo, um painel com 450m². O projeto abriu muitas portas”, conta.

 

Já levou a proposta para Ocauçu. Diz que a ideia é conscientizar crianças e adolescentes e democratizar arte.

“Não necessariamente estar dentro de uma galeria, pode estar na rua, pode ser palpável para criança, adolescente criar. E também tirar do vandalismo, da pichação, degradação de patrimônio, construir local mais agradável.”

Veja mais fotos do projeto na galeria de imagens abaixo