Fala, galera. Beleza? Agendei umas férias curtas com a minha família para recarregar as baterias, mas isso não significa que faltaria com meu compromisso com o texto semanal. Pelo contrário, as férias também trazem experiências e inspiração.
Enquanto escrevo esse texto, ainda estou em um dos mais lindos paraísos que o Nordeste brasileiro proporciona e gostaria de compartilhar o pouco que já consegui observar sobre a mobilidade elétrica na região.
Para trazer o panorama, preciso apresentar a diferença entre a megalópoles São Paulo e a belíssima Porto Seguro, na Bahia.
Como sempre, sou o responsável da família para definir a locomoção. Fechamos o trajeto aéreo do aeroporto de Guarulhos até o aeroporto de Porto Seguro. Para chegar a Guarulhos, decidi dar uma folga para o Chapolin Colorado (meu JAC iEV 40) por dois motivos: custo e tempo de deslocamentos dos estacionamentos até o terminal 2 do aeroporto.
Sendo assim, fui buscar um carro da beepbeep para fazermos o deslocamento. Como era próximo, decidi ir de patinete elétrico. Peguei meu trovão azul e fiz o percurso de aproximadamente 1 km em apenas 7 minutos. Levei o Chery Arrizo 5e até em casa, botei as malas (1 mala grande, 3 pequenas e ainda tinha as mochilas) e bora para o Aeroporto.
A vaga da beepbeep fica na área Vip do Terminal 2, bem próximo do check-in da companhia aérea. Isso facilitou muito o deslocamento e economizou muito meu tempo. Mal sabia que precisaria desse tempo extra para conseguir despachar a bagagem.
Em resumo, o tempo de locação do veículo com a beepbeep foi de aproximadamente 56 minutos pelo valor de R$78,92. Preço bem razoável pela praticidade oferecida e pelo espaço que o carro traz. Provavelmente, eu precisaria de 2 carros se fosse chamar algum App e cada corrida teria o valor semelhante.
Todavia, estamos falando de São Paulo, uma cidade que conta com a maior concentração de carregadores e, possivelmente, também com a maior frota de veículos elétricos do Brasil. Infelizmente não observei a mesma oferta de veículos elétricos ao chegar em Porto Seguro.
Saindo um pouco do assunto, chego a acreditar que Pedro Álvares Cabral inventou o jeitinho brasileiro, desviando a rota para chegar aqui. Não posso condená-lo por isso. Imaginem Pero Vaz de Caminhas escrevendo para D. Manuel I e dizendo: “Ôh, meu rei, não sei como chegamos aqui, mas é lindo demais.”
Voltando para os tempos modernos, tentei alugar um carro elétrico em várias empresas diferentes, mas nenhum modelo à disposição. Também pudera, o único carregador da cidade fica em um hotel ao lado de onde estou hospedado, mas para uso exclusivo do hotel. E quando falo uso exclusivo do hotel, ainda deixo claro que entrei em contato com a recepção para saber se poderia usar perante pagamento de taxa e recebi a informação que o carregador estava restrito para o uso dos carrinhos elétricos do hotel.
O mais interessante é que observei inúmeros imóveis com placas de energia fotovoltaicas em seus telhados para aproveitar a intensa incidência de raios solares que a região proporciona.
Mas a maior surpresa que tive foi observar ao longo de boa parte da orla a quantidade de pessoas que usavam patinetes elétricos. O uso do patinete não era por acaso, o trecho em questão possui uma ciclovia bem estruturada e com diversos pontos para pegar e deixar os patinetes, que são desbloqueados por App.
A cidade de Porto Seguro tem tudo para ser um paraíso eletrificado devido ao apelo de preservação da região, enorme fluxo turístico e potencial de produção de energia fotovoltaica e eólica. Não são poucos os turistas estrangeiros que chegam ao local. Seria ótimo ter um cartão de visita como Porto Seguro para demonstrar o desenvolvimento da mobilidade elétrica no Brasil.
Mesmo que você não alugue um carro, imagine o quanto um motorista de App deve separar para o combustível em uma região que o valor da gasolina varia entre R$6 e R$ 8, e como seria diferenciado ser buscado no aeroporto por um veículo 100% elétrico. Não seria difícil trabalhar com veículos elétricos mesmo com autonomias menores que 300 km devido a cidade ser consideravelmente pequena e plana. Diria mais, o projeto que a Uber usou no passado em Vitória seria muito bem-vindo em Porto Seguro para fazer o deslocamento entre os hotéis e as praias.
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Outro ponto que torna o desenvolvimento da mobilidade elétrica imprescindível é a sua localização. Porto Seguro fica a 600 km de Vitória/ES e 710 km de Salvador/BA. Praticamente na metade do caminho entre as duas capitais. Como já disse em texto anterior, esse trecho é o buraco que impede viajar de carro elétrico de Natal/RN até Porto Alegre/RS.
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É triste dizer que a região do sul da Bahia é atendida apenas por 3 carregadores de corrente alternada instalados em três hotéis de luxo e com uso restrito. Por outro lado, vejo o problema como oportunidade. Não seria nenhum pouco difícil desenvolver a mobilidade elétrica neste paraíso. Garanto que a região seria muito beneficiada.
Se você mora na região, é um frequentador assíduo ou simplesmente sabe que o lugar merece ser destaque na mobilidade elétrica, vamos trabalhar para colocar Porto Seguro no mapa como a região mais eletrificada do Brasil. Um novo descobrimento de Porto Seguro pela mobilidade elétrica.
Então, meu caro leitor, mais uma vez deixo aquela reflexão para você. Se podemos fazer algo bom, por que não botar a mão na massa? Espero retornar em breve para Porto Seguro e poder registrar diversos pontos de carregamento e muitos carros elétricos, tuk tuks e patinetes transitando pela Avenida Beira Mar.
Até mais.
Fonte: IG CARROS