Marília

Meditação da Compaixão, da Autocompaixão e da Bondade Amorosa: Por que a ciência destaca essas práticas meditativas?

Meditação da Compaixão, da Autocompaixão e da Bondade Amorosa: Por que a ciência destaca essas práticas meditativas?

A Meditação Loving Kindness (LKM) busca cultivar o amor que já existe em cada um de nós. Durante esta prática nos conectamos emocionalmente com pessoas, com nós mesmos e com a nossa humanidade compartilhada, deixando florescer as emoções positivas. O conteúdo dessas meditações costuma se concentrar na intenção de que nós, aqueles que amamos e todos os seres, se livrem do sofrimento e das causas do sofrimento e encontrem a felicidade e as causas da felicidade.

Nesta modalidade partimos de 3 eixos de motivação: a) compaixão, quando direcionamos a prática desejando a superação do sofrimento e suas causas, que passam pelo perdão, pela calma para lidar com situações difíceis, pela bondade para romper com as rigidezes da mágoa, dos ciúmes e da raiva, por exemplo; b) autocompaixão, que busca os mesmos objetivos da anterior, porém direcionados a nós mesmos. Aqui o desafio principal é dirigirmos a nós mesmos, a mesma autogentileza, autocuidado e acolhimento que dispensaríamos a alguém que gostamos; c) amor-bondade, quando desejamos a felicidade, o amor, a paz, o contentamento, a motivação, etc.

Para compreendermos a importância de praticar este tipo de meditação, podemos partir da reflexão sobre a tendência humana de fixar-se nas emoções negativas, especialmente porque elas comportam intensidade de dor, medo e ameaça. Consequentemente, reforçamos o impulso de nos debruçar sobre os problemas, concentramos toda a nossa atenção neles e temos como resultado a ampliação do próprio sofrimento. Esse esforço reflexivo para vencer os problemas e superar os obstáculos da vida costumam tomar proporções exageradas, nos levando a exaustão ou nos tornando aprisionados pelo medo e pela preocupação.

O treino desta meditação nos leva a nos posicionarmos em relação a nos mesmos  aos outros com menos exigência e critica, e com mais amorosidade e cuidado. Como resultados apontados pela ciência, podemos destacar o aumento da percepção das conexões sociais, a diminuição do preconceito e da discriminação social em ambientes estigmatizados, a diminuição da ansiedade, dos sintomas depressivos, entre outros.

Do ponto de vista da neurociência, as investigações em torno desta prática evidenciam que o comportamento altruísta é motivado, as regiões cerebrais correspondentes a cognição social e a regulação emocional se alteram, como observado no aumento da espessura cortical dos praticantes. Quando cultivamos intenções positivas em relação a outras pessoas e a nós mesmos, estabelecemos uma ressonância capaz de influenciar vínculos de confiança e lealdade e melhorar respostas empáticas aos estímulos sociais.

Por tudo isso a Loving Kindness Meditation tem ocupado lugar de destaque no campo da neurociência contemplativa atualmente. Ela atua em áreas distintas do cérebro em relação a mindfulness e, por esta razão, a recomendação é que ambas devam ser praticadas. Enquanto em Mindfulness o foco principal é a conquista de um estado mental de calma, em LKM o foco é a manifestação do amor e da bondade em nossas vidas

Se você quiser praticar esta meditação, te convido a visitar meu canal no Youtube – Viviane Giroto, onde você encontrará uma variedade de meditações desta modalidade. Deixo também algumas referencias bibliográficas para aqueles que desejarem se aprofundar neste conteúdo científico.

KOK et al. (2013); JIMPA (2016); GOLEMAN, D & DAVIDSON, R. (2017); GOLEMAN, D. (2012); LUTZ et al. (2008); DAVIDSON, R. (2012); SHAHAR (2014); BRONZATTO, (2018)