Numa madrugada perdida na década dos anos 90 e enquanto revezávamos em plantão nos escuros corredores da Academia Militar, ouvi em alto e bom som:
-Quem vem lá?! – avançou o então Cadete Araújo de Freitas.
-Rendição, Meu Irmão! – respondi.
-Daqui vejo um bom homem que honradamente me substitui – disse aquele que saía de serviço.
-Pois, daqui, vejo aquele que concretizará o lema paulistano “Non Ducor Duco” (do latim: “Não sou conduzido, conduzo”) – finalizei.
Divertíamo-nos. Sem sonharmos que, mais de 30 anos depois, as palavras encarnariam.
Hoje (03/02/2023) e solenemente, assume o Comando Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, meu caro Coronel PM Cássio Araújo de Freitas. Consigo, uma prestigiosa e respeitável tropa de linha no Subcomando, no Estado-Maior, nos Grandes Comandos e nas Diretorias da Instituição que certamente lhe protegerá nos revoltos mares sociais a serem navegados.
Orgulham-me: somos filhos da mesma Turma Cadete Eduardo Pinheiro (TCEP), de 1993. Mais: incubados no Ninho das Águias Pardas, alicerce de toda nossa Família Policial Militar – a Tropa – que ampara e socorre a cada um em solo paulista indistintamente.
Em tempos de formação, compartilhamos armários, birôs e a tensão das avaliações e provas físicas e psicológicas: a ordem alfabética da cartesiana caserna sempre nos pôs juntos – o “A” de Araújo contíguo ao “B” de Boldrin.
Havia mais.
Divertir e divagar – muitas foram as conversas: da cultura oculta que mantinha de lactobacilos (e sua crença nos efeitos no desempenho no atletismo que praticávamos) até as necessárias transformações para entrarmos bem no século XXI, passando por valores cavalheirescos medievais, conflitos do mundo da boa gestão pública e do direito na prática da ações policiais, além das controversas técnicas e táticas operacionais e suas inovações.
O Tempo, senhor que a tudo aprisiona e deixa suas marcas, forjou-lhe para que fosse, enfim, o nobre escolhido. Pelo amor da complacência de alguns e pela dor das duras pancadas recebidas entre o martelo e a bigorna da vida cotidiana, eis que está pronto: à espada de melhor têmpera cabe a exclusividade em ser digna do forte pulso do Rei.
Tenha certo: é da opinião de todos da TCEP que o cargo que agora alcança lhe serve como as vestes encomendadas ao melhor dos alfaiates: suas qualidades as preenchem na exata medida.
Que o que nos devemos em serviço e lealdade agora pague-se com o que lhe é natural: cumprir com seus deveres, pertencentes ao povo.
Representante máximo, concentro em você, Cássio, minha deferência, fidelidade e orgulho: peço que as estenda e as faça chegar a todos que lutarão o bom combate com você.
Sucesso na empreita. Força e honra, meu agora Comandante.
Hoje e sempre.
Marcos Boldrin
Coronel Res PM