Um estudo realizado na Faculdade de Medicina da USP e conduzido pelo pesquisador mariliense Danilo Benette Marques ganha repercussão dentro e fora do país com novo olhar para estudo sobre estresse.
A pesquisa teve orientação dos professores João Pereira Leite e Rafael Naime Ruggiero e colaboração com Matheus Teixeira Rossignoli e Lézio Soares Bueno-Júnior.
Combina técnica de encefalografia (registro gráfico das correntes elétricas do cérebro obtido por meio de eletrodos) e aprendizado de máquina e identificou padrões na atividade cerebral de ratos sob estresse.
Usou método conhecido com diferentes situações e níveis de adversidades para grupos de ratos. Animais submetidos a adversidades incontroláveis falham em escapar dos estímulos no futuro, mesmo quando teriam alternativas de fuga.
“É um fenômeno bem entendido na psiquiatria para esse modelo experimental e que recebe o nome de desamparo aprendido. Já os animais que passam por uma primeira exposição a choques controláveis tendem a se tornar mais resistentes a situações estressoras no futuro, fenômeno atualmente denominado resistência aprendida”, explica Danilo Benette Marques.
Danilo é graduado em Ciências Biológicas pela USP de ribeirão, com mestrado e doutorado em Neurologia, também pela USP. O pesquisador mariliense explica que as oscilações na atividade elétrica do cérebro identificadas poderiam ser verificadas por eletroencefalografia [EEG, método não invasivo].
“Ajudaria a orientar tratamentos personalizados para depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático”, ressalta Marques.
O entendimento desses padrões de atividade rítmica cerebral pode contribuir para o tratamento de pacientes psiquiátricos e buscar terapias mais específicas.
“Antidepressivos, por exemplo, são tomados por via oral e atuam nas sinapses e em neurotransmissores de todo o cérebro. O estudo mostrou que a maior resiliência ou o próprio desamparo podem envolver circuitos e dinâmicas cerebrais particulares, não o cérebro como um todo. É possível identificar regiões ou interações entre regiões que vão ser muito importantes para guiar o desenvolvimento de novos tratamentos psiquiátricos mais eficazes e com menos efeitos colaterais “, explica Pereira Leite.
O artigo Prediction of Learned Resistance or Helplessness by Hippocampal-Prefrontal Cortical Network Activity during Stress pode ser encontrado no site official da revista.