Uma sessão solene na Câmara de Marília nesta sexta-feira, a partir das 20h, vai celebrar, com alguns meses de atraso, os 70 anos de atividade do Clube de Cinema de Marília, que segue em atividade com demandas importantes e espera de apoio a projetos que podem retomar protagonismo histórico da instituição.
Fundado em outubro de 1952, o clube que reuniu grandes nomes da cidade, promoveu festivais que colocaram Marília no mapa cultural do país, trouxe artistas mais prestigiados do pais à cidade e exibiu filmes com salas lotadas. Hoje segue vivo e com apoio de 50 sócios para manter a memória e revitalizar projetos.
Funciona no piso superior do prédio junto ao Centro Cultural Braz Alécio, sobre o Museu de Paleontologia, ainda com falta de espaço para adequado para acervo e móveis doados pela família Pedutti há décadas;
Voluntárias, Wilza Mattos, Karoline Rodrigues, e a professora Telma, da Unesp, atuam na reorganização do acervo.
“As expectativas são que tenhamos os nossos espaços mantidos e incentivados pela Prefeitura, inclusive para a apresentação do acervo ao público e para a continuidade das exibições cinematográficas sob controle do Clube”, explica o médico Altino Luiz Silva Therezo, o Tino, presidente do Clube.
Além da solenidade, a Câmara prepara mais homenagens. Deve votar leis que dão nomes às salas de projeção, administrativa, do acervo e da diretoria, que passam a homenagear Emilio Pedutti, pioneiro do cinema no Estado e na cidade, e os ex-dirigentes do clube Benedito André, Roberto Cimino e Luís Felipe de Mello, respectivamente.
O clube também tenta conseguir repasses mensais no orçamento da cidade para criar mínimo de estrutura organizacional e retomar festivais de cinema e a entrega do Prêmio Curumim, marco do clube.
“Isso traria a Marília uma projeção nacional no campo cultural e turístico, como acontece hoje com o Festival de Gramado que, por sinal, é posterior ao nosso”, diz Tino.
O Clube teve seu auge na década de 60, com grandes festivais atraíram diretores, atores e atrizes, que chegavam á cidade em trem antes da regularização de voos para a região.
“Nessa fase, o Clube teve muitos e muitos sócios. Havia gente que pegava o trem nas cidades vizinhas, somente para assistir aos filmes e participar das ativistas cineclubistas. Era efetivamente um ponto de troca cultural e social, principalmente dos jovens.”
Nos anos 80 teve sua maior retração. Ocupava uma sala sobre o Cine Pedutti, no centro da cidade, que perdeu com o encaminhamento do prédio para outras atividades.
Foi transferido a uma sala no Centro de Cultura da cidade. Retomou sessões de exibição com novos equipamentos e tecnologia, mas longe do grande público que sempre mobilizou.
Carlos Zara e Eva Wilma com benedito André, o Dito, gestor que foi destaque no Clube de Cinema
No final dos anos 90, perdeu Benedito André, o Dito, ‘praticamente o último baluarte do Clube’. Todos os dias ia até a sala do clube, passava horas, mantinha e ampliava acervo, mesmo em longos períodos sem exibições.
Sem uma diretoria plenamente constituída, houve uma divisão dos associados e as divergências chegaram a tal ponto que a Prefeitura assumiu a administração e o controle da sala de filmes.
“Muito material foi perdido, pois o acervo foi praticamente colocado no corredor, aos olhos e alcance de qualquer um. Graças ao esforço de alguns funcionários municipais, entre os quais Regina Morales, os documentos foram transportados para a atual sala de acervo.”
O clube se reorganizou, elegeu diretorias – o próprio Tino chegou nos anos 3000 e em 2010 foi eleito presidente pela primeira vez – e manteve as duas linhas de exibição defendias: filmes e debates mais atuais e sessões para exibição de clássicos. E segue.
A sessão solene nesta sexta-feira é aberta ao público e com entrada gratuita Vida longa ao Clube de cinema de Marília.