Marília

'Matou toda família' - Veja carta e dor da família por Catarina Mercadante; acusado muda versão

'Matou toda família' - Veja carta e dor da família por Catarina Mercadante; acusado muda versão

“Meu primeiro Dia das Mães sem minha filhinha foi algo que não dá nem para descrever a dor da ausência.”

A frase é de Mana Mercadante, a mãe da estudante Catarina Mercadante, parte de uma carta lida na tarde desta quarta-feira durante audiência judicial no caso que apura acusação de homicídio na colisão que provocou a morte da menina. A audiência ouviu também testemunhas e o acusado, Luís Paulo Machado Almeida, que mudou sua versão (veja no final do texto).

Um relato de dor, indignação, saudade e pedido de medidas judiciais. Nas palavras de Mana, o registro de uma “dor que é cruel, imensurável, devastadora e incurável”. Mana chama a filha de florzinha, ela usava o termo Mamis nas redes sociais.

A carta coloca toda dor em duas folhas direcionadas ao juiz Adugar Quirino Júnior, titular da primeira Vara Criminal de Assis, cidade da família e sede da comarca que atende Echaporã, base territorial do local em que o carro de Catarina foi atingido pela caminhonete de Luíz Paulo Machado Oliveira na noite de 29 de janeiro, quando ela seguia para Marília onde cursava medicina na Unimar.

“Faltavam apenas dois anos para ela realizar o maior sonho de sua vida: SALVAR VIDAS”, diz a mãe.

A morte fez mais que encerrar essa história

“Privou de todas as datas comemorativas que sempre passamos com a família. Afirmo aqui que sempre ensinei meus filhos a ter empatia e uma conduta de responsabilidade.”

O documento tem ataques diretos ao acusado, Luís, hoje com 21 anos, em audiência sem encontro direto dos dois, promovida por videoconferência, a quem acusa de assassinato. “nunca, mas nunca, entraram em contato com nossa família para ao menos pedir perdão.”

Ao final do texto Mana diz que tem mais dois filhos e que cada um ocupa um lugar no coração da mãe.

“O dela ficou um legado de muito amor e uma sede de Justiça para que outras famílias não passem por essa dor e não sejam devastadas como a nossa”. Clique aqui para acessar a íntegra da carta.

NOVA VERSÃO

Luís Paulo foi o último a prestar depoimento. Depois de ficar em silêncio na polícia, ele recusou responder perguntas do promotor e do advogado Caisê Pinheiro, assistente de acusação. Respondeu perguntas de seus defensores e do juiz. E mudou a versão original.

Na noite do acidente disse aos policiais que ‘cochilou’ no volante e invadiu a pista contrária. Na Justiça, afirmou que a faixa contínua indicando proibição de ultrapassagem não estava visível e só ficou clara depois que ele iniciou a manobra.

A defesa nega que Luís tenha assumido risco de provocar a morte da menina e pede a descaracterização da denúncia de homicídio com dolo eventual, que pode agravar eventual punição do réu.

Ao final da audiência, o Ministério Público e o advogado Pinheiro apresentaram manifestações finais em que pedem a pronúncia de Luís Paulo para responder pela morte no Tribunal do Júri Popular. A defesa pediu prazo de cinco dias para apresentar suas manifestações. A audiência acabou pouco depois das 19h.