Marília

Testes de radares acabam, sem transparência vão multar de velocidade a parada em faixas

Testes de radares acabam, sem transparência vão multar de velocidade a parada em faixas

Menos de cinco meses depois de lançar a contratação milionária de sistemas de gestão e fiscalização, a Emdurb (Empresa de Mobilidade Urbana) de Marília confirmou pela assessoria de comunicação que encerra neste domingo a ‘fase educativa’ e a partir de amanhã, segunda, coloca em operação o sistema de 22 radares, mais de 50 faixas de controle, em diferentes pontos da cidade. 

Um comunicado oficial apresenta o sistema como “redutores de velocidade”, mais uma verdade pela metade na gestão. A fiscalização vai além dos radares ostensivos e usa também sistemas de videomonitoramento e atinge mais que o controle de velocidade: vai multar também respeito a semáforos e até quem parar sobre a faixa de pedestre em cruzamentos.

Sem dados de locais, número de acidentes, feridos ou mortes não há como mensurar como o sistema pode salvar vidas. Não há projeção oficial de quanto vai resultar em faturamento com a má conduta de motoristas, mesmo aqueles que nem correm tanto nos casos de outras autuações

Nestes cinco meses a empresa concluiu a licitação, superou duas demandas judiciais e uma representação no Tribunal de contas, assinou um contrato com custo mensal de R$ 466,9 mil e implantou os sistemas.

Provocou muita polêmica por fazer tudo e tanto com pressa e quase nenhuma transparência. Não há um estudo divulgado sobre os critérios para escolha dos pontos escolhidos para a fiscalização. A definição dos limites de velocidade teve manifestações genéricas.

A página de transparência da Emdurb está fora do ar e sem data definida para ser retomada. Nem o contrato com a empresa Tallentech, que vai prestar o serviço por cinco anos, pode ser acessado no momento.

Há algumas hipóteses sobre os estudos. Uma delas é pensar que a emdurb não tem nada detalhado a mostrar. Outra é pensar que a emdurb tem mas esconde para esperar resultados. Nos dois casos seria uma forma cruel e indevida de manipular informações oficiais e de serviços públicos, que são diferentes de estratégias de marketing e gestão em empresas privadas.

Lançada em véspera de final de ano, com situações como recesso do judiciário, festas e festas com impacto na circulação e presença de moradores –  é uma medida tão impopular que ficou para depois da eleição e diferente da maioria das atividades da gestão não coloca o prefeito Daniel Alonso como figura central.

Envolve mais polêmicas. A Emdurb não tem recursos suficientes para todas as suas atividades e repetidas vezes tem recebido repasses da prefeitura. O orçamento deste ano prevê R$ 7 milhões em transferências. Ainda assim a empresa assumiu o gasto de R$ 5,6 milhões ao ano com o novo serviço.

A empresa priorizou a implantação de serviços para recursos e atendimento a queixas antes de medidas de sinalização e orientação. Aliás, outro ponto polêmico: anunciou etapa ‘educativa’ de uso dos sistemas, mas muitos deles, como lombadas eletrônicas, demoraram a mostrar funcionamento.

A própria empresa admite em comunicado oficial que arrastou as ações “educativas” devido a “adequações operacionais”. Os radares começam com apostas: na falta de educação de motoristas, em um futuro de bons resultados ou, no modo mais comum da vida pública, em serem logo esquecidos por outros problemas.