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Crianças e tecnologia: quatro sinais de alerta para os pais

FreePik Crianças e tecnologia: quatro sinais de alerta para os pais
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A tecnologia digital faz parte do cotidiano brasileiro de inúmeras maneiras: dentro de casa em momentos passivos ou de lazer, para o entretenimento, no carro, no trabalho, na escola e na hora de aprender são só alguns exemplos. Isso porque o acesso à ela é muito fácil, em smartphones, videogames, tablets, televisões, computadores e aplicativos em um país cada vez mais conectado. De acordo com um estudo da plataforma Electronics Hub, o Brasil é o segundo país que mais passa tempo na frente de uma tela no mundo, uma média de 56,6% das horas em que está acordado interagindo com o celular ou computador.

Com as crianças essa realidade não é diferente e foi transformada desde a eclosão da pandemia de Covid-19. Um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa do Hospital Infantil de Alberta e as Universidades de Calgary (Canadá) e College Dublin (Irlanda) revelou que crianças e adolescentes, entre 3 e 18 anos, ficam em média quatro horas por dia em frente a dispositivos eletrônicos, o que fez o tempo de tela aumentar em 50% desde 2020. Os dados analisaram 46 estudos que envolveram quase 30 mil crianças em diferentes países.

Para a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) o tempo de uso diário de tecnologia digital deve ser limitado e proporcional às idades e etapas do desenvolvimento infantil. “Proibir completamente o uso de dispositivos digitais não parece ser uma alternativa muito razoável em várias idades, uma vez que as crianças podem de fato aprender com eles. Entretanto, alguns conteúdos precisam ser evitados e o tempo de tela deve ser limitado, sendo a melhor alternativa educar sobre o assunto”, explica Laura Moreira, psiquiatra e uma das autoras do livro Crianças Bem Conectadas (Editora Maquinaria, 224 páginas, R$ 59,90).

“Usadas de maneira adequada, telas podem funcionar como mais uma forma de interação com a família e os amigos, fundamental para o desenvolvimento socioemocional infantil”, completa Daniel Spritzer, médico psiquiatra e também autor do livro.

O principal debate deste conteúdo pioneiro é como orientar pais, cuidadores, familiares e crianças a usar a tecnologia de maneira saudável. “É muito difícil que as crianças pequenas se autorregulem quanto ao tempo e à intensidade de uso, mas é possível conversar com elas em outros momentos para avaliar como se sentem”, argumenta Aline Restano, psicóloga.

O uso excessivo de tablets, celulares e computadores podem trazer mudanças comportamentais e por isso adultos devem estar atentos aos sinais de alerta de que algo não está funcionando. “Alterações nas interações das crianças com outras pessoas devem ser conferidas pelos responsáveis”, ressalta Laura Moreira. “Quanto mais bruscas, inesperadas ou aparentemente inexplicáveis, mais preocupantes elas são e manifestam-se como indicadores de que a criança pode ter tido acesso a algo inadequado ou assistido a algo que não deveria”, reforça a médica.

Caso haja o surgimento de sinais, a dica dos especialistas é repensar a rotina da criança. “É necessário checar se as atividades delas estão sendo bem conduzidas, se há afeto e participação dos pais e o uso demasiado das mídias digitais”, finaliza a psicóloga e escritora da obra Juliana Potter.

4 sinais de alerta dos especialistas de que o uso das tecnologias digitais precisa ser repensado:

Perda do interesse social : crianças que não querem estar com os amigos, a família ou brincarem livres e apresentam timidez excessiva.

Mudanças de comportamento : queda do rendimento escolar, oscilações no sono, ganho ou perda de peso, mudança na alimentação e apetite.

Manifestações de depressão e mudanças de humor : tristeza, choro frequente, lentidão, insônia, falta de vontade ou de energia para fazer as atividades, irritabilidade, apatia, agressividade, autoestima baixa ou pessimismo.

Ansiedade e sintomas físicos : preocupações ou medos excessivos, dificuldade em se separar dos pais, agitação, roer unhas, arrancar os cabelos, pesadelos, cansaço, dores de cabeça ou abdominais.

Fonte: Mulher