Com riscos à saúde física e emocional, os abortos compreendem um dos momentos mais tristes e delicados na vida de uma mulher. Mas uma revisão recente apontou que uma dieta pré-concepcional e no início da gravidez contendo muitas frutas, vegetais, frutos do mar, laticínios, ovos e grãos pode estar associada à redução do risco de aborto espontâneo.
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“Os pesquisadores analisaram 20 estudos que exploraram os hábitos alimentares de mulheres que deram à luz nos meses anteriores e logo após a concepção de um bebê para ver se esses estudos mostravam evidências de associação com uma chance menor ou maior de aborto espontâneo. Mais frutas e vegetais entraram na lista”, explica o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.
“Estes são alimentos que normalmente compõem dietas ‘saudáveis’ e bem balanceadas, com evidências anteriores mostrando que é importante comer uma dieta completa, rica em proteínas, vitaminas e minerais durante a gravidez”, acrescenta a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). A pesquisa foi publicada no começo de abril na revista Fertility and Sterility.
Segundo o Dr. Fernando, infelizmente, os abortos são muito comuns, mais do que se imagina. “Estima-se que de 15 a 25% de todas as gestações possam terminar em abortos”, diz o médico. A revisão da pesquisa descobriu que, quando comparada ao baixo consumo, a alta ingestão de frutas pode estar associada a uma redução de 61% no risco de aborto espontâneo. “A alta ingestão de vegetais pode estar associada a uma redução de 41% no risco de aborto espontâneo, segundo o estudo. Para laticínios é uma redução de 37%, 33% para grãos, 19% para frutos do mar e ovos”, explica a Dra. Marcella.
Os pesquisadores também analisaram se tipos de dieta pré-definidos, como a Dieta Mediterrânea ou a Dieta da Fertilidade, também poderiam estar ligados ao risco de aborto espontâneo. Eles não conseguiram encontrar evidências de que seguir qualquer uma dessas dietas reduzisse ou aumentasse o risco. “No entanto, uma dieta completa contendo alimentos saudáveis em geral, ou alimentos ricos em fontes antioxidantes e pobre em alimentos pró-inflamatórios ou grupos de alimentos não saudáveis pode estar associada a uma redução no risco de aborto espontâneo para as mulheres”, diz a médica nutróloga.
O Dr. Fernando também lembra que uma dieta rica em alimentos processados mostrou-se associada à duplicação do risco de aborto espontâneo. Os estudos incluídos na análise focaram no período periconcepcional – um período antes e durante os primeiros 3 meses de gravidez. Os dados coletados de um total de 63.838 mulheres saudáveis em idade reprodutiva foram incluídos, com informações sobre suas dietas normalmente coletadas por meio de questionários de frequência alimentar para cada estudo.
“Quase 50% das perdas precoces da gravidez permanecem inexplicadas e, na ausência de uma causa, os pais geralmente procuram seus profissionais de saúde para obter orientação sobre as melhores maneiras de serem o mais saudáveis possível e reduzir o risco de futuros abortos espontâneos. Há um crescente corpo de evidências para mostrar que as mudanças no estilo de vida – incluindo mudanças na dieta, parar de fumar e não beber álcool – antes de conceber e nos estágios iniciais da gravidez – podem ter um impacto”, explica o Dr. Fernando.
O médico diz incentivar fortemente os casais a considerar a importância de fazer escolhas positivas de estilo de vida ao planejar uma família e continuar com essas escolhas saudáveis durante a gravidez e além. “Sabendo que escolhas positivas de estilo de vida podem fazer uma diferença significativa na redução do risco de aborto espontâneo, os casais podem se sentir capacitados para cuidar de sua saúde e da saúde de seu bebê”, acrescenta o médico.
Segundo a médica nutróloga, o aconselhamento sobre dieta é um dos assuntos que mais devem ser discutidos quando o assunto é gravidez. “Seguir uma dieta saudável, tomar suplementos como folato e ômega 3, fazer exercícios e tentar diminuir o estresse são coisas que as pessoas podem tentar fazer para diminuir o risco de aborto espontâneo”, acrescenta a médica.
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O médico especialista em Reprodução conta que os abortos devem sempre ser tratados com atenção. “Em caso de repetição, um tratamento específico deve ser procurado. O profissional de Reprodução Assistida será capaz de ajudar o casal a partir da identificação das causas. Descobrindo a causa, o tratamento pode ser iniciado e realizado de diversas formas, de acordo com a necessidade de cada paciente. Dependendo das causas do aborto de repetição, pode ser recomendada uma mudança de hábitos, mas também pode ser necessário realizar uma FIV (Fertilização in vitro) para que a mulher tenha condições de engravidar novamente – e a técnica pode ajudar a selecionar embriões cromossomicamente normais. A gestação deve ser minuciosamente acompanhada pela equipe de especialistas”, destaca o médico.
A boa notícia é que, independentemente das causas do aborto de repetição, mulheres que passaram por esta situação possuem 70% de chance de engravidar e ter uma gestação saudável. “O mais correto a se fazer é procurar um especialista”, finaliza o Dr. Fernando.
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Fonte: Mulher