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Teste: Ram Rampage brilha na terra e no asfalto de Interlagos

Divulgação Além de vestir preto, a Rampage R/T tem ajuste mais esportivo e escape barulhento
Divulgação Além de vestir preto, a Rampage R/T tem ajuste mais esportivo e escape barulhento


Testar um carro na terra em Interlagos foi uma das experiências mais curiosas que tive nos últimos tempos. O circuito tem uma pequena área preservada de Mata Atlântica, algo que poucos imaginariam. Foi a chance de testar não apenas a R/T na pista de corridas, algo que já seria de se esperar, mas também a Rebel no offroad.

As pequenas trilhas são complementadas por obstáculos pesados, barreiras que a Ram Rampage Rebel venceu com tranquilidade. Sabe os famosos terrenos estilo caixa de ovo? A picape conseguiu lidar com alguns que poderiam ter sido de ovos de brontossauros. Com apenas duas rodas ou uma roda com tração, ela se comporta como uma média tradicional. A torção não compromete a plataforma, uma vez que a base tem 86% de aços de ultra e alta resistência . Se você ver do lado de fora, é capaz de gritar para parar, pois ela pode virar. Ledo engano, por dentro, tudo tranquilo.

São 26,4 centímetros de vão livre e os ângulos são de 25,7 graus de entrada e de saída, além de 23,9 graus de rampa. Para dar uma mão nos terrenos mais difíceis, há marcha reduzida, enquanto a tração é sempre 4X4 do tipo sob demanda, aquele que divide automaticamente a força enviada para cada eixo. Pneus 235/65 R17 de uso misto ajudam também a vencer subidas, pirambeiras e outros desafios. Na hora de encarar uma descida íngreme, o controle de velocidade em descidas estanca o ritmo.

O diâmetro de giro de 11,9 metros não é o melhor possível, a despeito de ser 1 metro a menos do que o da Fiat Toro , sua companheira de plataforma. Ainda assim, não impede que a picape vá se enfiando por caminhos estreitos, trilhas que talvez não deixem uma picape média tradicional passar.

A maciez da suspensão é marcante, não há aquele pula pula de festa infantil das picapes médias de eixo traseiro rígido. As maravilhas do arranjo multilink. Ser feita em monobloco é algo que está mais para qualidade do que demérito, embora os picapeiros mais xiitas talvez chiem.

Sem termos contato com o propulsor diesel de 170 cv e 38,8 kgfm de torque, o jeito foi conhecer melhor o 2.0 turbo a gasolina de expressivos 272 cv e 40,8 kgfm de torque a 3.000 rpm. Ter muito torque em baixa é algo que ajuda os motores a diesel a enfrentar condições difíceis sem se encrencar pelo excesso de giro. Não é diferente com o esperto e cumpridor Hurricane 4 , nome que a Stellantis deu ao quatro cilindros turbinado. Não é à toa que ele equipa o Jeep Wrangler .

Entre caminhões, tratores e escavadeiras, a Ram se saiu bem. Está certo que foi um circuito curto, uma experiência do tipo “vai ser bom, já foi”. Mas ela provou que é mais do que um rostinho bonito.

Rampage R/T

Road and track, ou ruas/pista. Adianto que não foi possível testar a sigla de fato, a Rampage não foi liberada para testes na rua. Mas afirmo que ela cumpriu sua missão no circuito de corridas.

A versão tem suspensão esportiva um centímetro mais baixa, além de possuir ajuste mais esportivo de direção e respostas mais rápidas. Não é por acaso que ela faz de zero a 100 km/h em 6,9 s e chega a 220 km/h, contra 7,1 s e 210 km/h das demais. O ronco do escape duplo é rouco e grave, emitindo pipocos nas passagens, sendo capaz de reverberar mesmo nos espaços abertos de Interlagos

Bastou encarar a curva do Laranjinha para ver o quanto ela agarra. Como toda a linha feita sobre a plataforma small wide, a tração envia a maior parte da força para a dianteira , mas isso não é perceptível. Claro que uma acelerada mais cedo pode causar uma saída de frente. Nada demais. As transferências de peso e a inclinação nas curvas não são diferentes das sentidas em um SUV pesado. Não é carro de passeio, mas não é boba.

O que interessa é a capacidade de inserção nas trajetórias e as subsequentes saídas de curva animadas. De quebra, tudo fica mais agressivo ao apertar o botão R/T , que encurta respostas e prende mais o câmbio, sem deixá-lo passar as marchas mais cedo.

Falando nelas, cada uma das nove velocidades pode ser negociada por meio de aletas no volante, porém, as borboletas são pequenas e quase se confundem com os botões traseiros de controle do áudio.

As chicanes no final do retão não deixaram que ela passasse muito dos 180 km/h . De qualquer forma, ainda é um bom resultado. As demais chicanes serviram não apenas para frear o ânimo dos jornalistas mais hiperativos, foram também uma forma de avaliar a capacidade de desvio de trajetórias, tal como as frenagens. Os discos são ventilados nas quatro rodas e as frenagens são equilibradas, sem mergulhar excessivamente a frente. Aprovada.

Não dá para sublimar o fato da Rampage R/T pesar 1.917 kg . No entanto, para uma picape esportiva, ela é mais do que cumpridora. Tem desempenho de Volkswagen Golf GTI , equilíbrio, reserva de potência e torque e, claro, visual matador. Tudo bem à moda americana, como toda Ram tem que ser.


Ficha técnica

Motor : 1.956 cm3, dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, injeção direta, 272 cv de potência a 5.200 rpm, 42,8 kgfm de torque a 3.000 rpm, gasolina

Câmbio : automático de nove marchas, tração integral permanente

Direção : elétrica, com diâmetro de giro de 11,9 metros

Suspensão : McPherson na dianteira e multilink na traseira

Freios : discos ventilados na dianteira e traseira

Pneus : 265/35 R17 (Rebel) e 235/35 R19 (R/T)

Dimensões : 5,03 metros de comprimento; 1,88 m de largura; 1,78 m de altura; 2,99 m de distância entre-eixos; caçamba de 980 litros; e tanque de 55 litros

Fonte: Carros