Você já tentou disfarçar aquela cara de insatisfação? Esforçou-se para segurar o choro, mas ainda assim a lágrima acabou escorrendo ou ficou clara sua vontade chorar? O corpo é a expressão da nossa alma. Quando sentimos algo internamente, o corpo manifesta isso e, às vezes, não dá nem pra disfarçar.
A verdade é que a medicina se divide em diferentes especialidades para ajudar os profissionais a focarem melhor em determinadas questões físicas. No entanto, somos uma máquina que funciona como um todo – e não separadamente.
Portanto, se queremos mesmo cuidar de alguma disfunção do corpo, precisamos entender a raiz desse problema – que geralmente vem de uma insatisfação ou desarmonia na vida e nas emoções.
Se queremos mesmo cuidar de alguma disfunção do corpo, precisamos entender a raiz desse problema – que geralmente vem de uma insatisfação ou desarmonia na vida e nas emoções
William Reich, quem deu origem à orgonoterapia – que hoje é chamada de psicoterapia corporal reichiana – nomeia as emoções mal resolvidas guardadas no corpo de “couraças”. Essas “couraças” são tensões musculares que impedem tanto o fluxo sanguíneo, quanto o fluxo energético.
Muitas outras ciências partem do mesmo princípio e até mesmo a nossa ciência ocidental já vem considerando tal possibilidade. Um exemplo disso é a própria Organização Mundial de Saúde (OMS), que define saúde como sendo “um estado de harmonia entre bem-estar físico, psíquico e social – e não apenas a ausência de doença”.
Portanto, agora que essa correlação de corpo e emoções ficou mais clara, vamos nos aprofundar um pouco mais nos conhecimentos da sexualidade feminina. Eu lhe convido a observar suas dificuldades sexuais e até mesmo as disfunções que apresenta nesse sentido, como um caminho para o autoconhecimento.
Isto com certeza levará você a transformar sua sexualidade e também diversos setores da vida, afinal ,como pode ver, tudo tem origem no silêncio do nosso interior.
Veja a seguir o que algumas disfunções e dificuldades sexuais sinalizam:
INFECÇÃO URINÁRIA (CISTITE)
Sinaliza que suas emoções estão inflamadas. Acontece quando não permitimos que as situações da vida sigam seu fluxo normal e contemos emoções – assim como contemos o fluxo de urina, segurando o xixi e deixando para ir ao banheiro depois. Isso acaba causando a infecção urinária.
Quando segura o choro, você também está segurando suas mágoas, impedindo que essas águas (lágrimas) fluam pelo seu corpo. Vale lembrar que a água simboliza as emoções.
Fisicamente, a bexiga é o órgão responsável por reter a água do corpo e filtrá-la, eliminando o que não serve e dando de volta o que ainda pode ser usufruído. Metaforicamente, isso tem a ver com sua capacidade de tirar proveito das lições emocionais da vida, filtrando, eliminando ou usufruindo cada experiência que se apresenta.
Dicas para o problema
Para prevenir a infecção urinária, deixe ir o que não lhe pertence mais, livre-se de emoções reprimidas, abandone as mágoas, não segure mais suas emoções, chore. Também não segure a urina, coloque-se em primeiro lugar, o trabalho ou qualquer outra responsabilidade pode esperar.
Quando a infecção aparece, a pessoa sente dor ao urinar. Esse desconforto físico pode ser comparado à dor de deixar ir embora aquilo que não você quer perder, ou ao medo de seguir adiante.
Se já está sofrendo de cistite, a dica é: quando for urinar, sente-se no assento e relaxe. Preste atenção no seu períneo (região entre a vagina – ou o saco escrotal – e o ânus), que também deve estar bem relaxado.
Depois que urinar tudo, conte até três e force novamente para sair o resto da urina. É esse resto de urina que normalmente leva à cistite – caracterizada por uma tensão muscular, que nada mais é do que um reflexo no corpo, do ato de segurar aquilo que precisamos deixar ir.
CANDIDÍASE
A candidíase, assim como a cistite, também sugere que suas emoções estão contidas. Mas, além disso, o problema sinaliza que você está se forçando a fazer coisas, sem ter vontade.
Os sintomas da candidíase são: coceira, mau cheiro e corrimento espesso e amarelado ou branco opaco. Dá para fazer uma comparação com aquelas situações que fazem você se “coçar de raiva”, mas ainda assim se deixa submeter a elas.
Por exemplo: fazer sexo por obrigação, sem estar com vontade; ou estar em um trabalho por necessidade, mas não aguentar mais aquilo, contendo raivas e passando por muito estresse.
Dicas para o problema
A dica emocional, para prevenir o problema, é aprender a dizer não, a se ouvir e se respeitar mais. Isso significa que deve ouvir sua voz interior e, se não quiser fazer algo, busque saídas ao invés de ficar inerte, não se submeta ao que não faz parte de você, respeite-se mais.
A dica fisiológica é: use sabonete íntimo de PH vaginal, esta é sempre a melhor saída, pois o produto mantém a acidez da vagina, que é a sua proteção da mulher contra fungos e bactérias. Para apimentar o sexo, muitas pessoas passam em suas regiões íntimas produtos com açúcar, como chocolate ou leite condensado.
Este tipo de prática não deve ser adotada, pois a glicose altera o PH vaginal, o que pode dar origem a doenças como candidíase. Existem produtos especializados, em sex shops, que imitam doces, mas não possuem glicose. Essas são ótimas opções.
BARTOLINITE (INFLAMAÇÃO DAS GLÂNDULAS DE BARTOLIN)
A glândula de Bartolin fica localizada nas extremidades laterais da parede vaginal e tem a função de lubrificar a vagina no ato sexual, para facilitar o deslizamento no ato, deixando a prática mais confortável.
A Bartolinite, por sua vez, acontece quando esta glândula inflama.
Para entender as questões emocionais por trás deste problema, é preciso saber que o Elemento Água representa a emoção. Então, o líquido liberado no ato sexual simboliza a entrega emocional neste momento ou as dificuldades que a pessoa enfrenta.
Por exemplo: ira, raiva ou nervosismo contido, que podem gerar a inflamação da glândula, causando a Bartolinite.
Dicas para o problema
Para prevenir o problema, desabafe seus sentimentos com a pessoa parceira, retire isso completamente do seu coração. Conforme essas emoções forem eliminadas, compreendidas e perdoadas, a glândula também vazará a inflamação para fora, sanando o problema.
Já a dica fisiológica é realizar a massagem perineal ( aprenda aqui como fazer ) , para permitir a flexibilidade do tecido e a possibilidade de expelir o pus, contribuindo para o melhor funcionamento da glândula.
MAMAS MUITO OU POUCO SENSÍVEIS
Dentro da metafísica a mama representa o lado maternal feminino, o aconchego, a capacidade da mulher em dar carinho e amor sem receio.
Veja se faz sentido para você: mulheres com seios fartos, que abraçam forte e de forma calorosa, tendem a transmitir uma sensação de que são mais maternais e carinhosas, criando uma atmosfera de intimidade e acolhimento. Portanto, a mama também representa a facilidade de lidar com o doar e receber.
Ou seja, a capacidade de se entregar e ganhar com mais facilidade. Se esta parte de seu corpo está muito ou pouco sensível, experimente se autoavaliar, identificando se vem se doando o suficiente dentro de suas relações, se está conseguindo expressar seu lado maternal e também se está bem resolvida com suas questões maternais e femininas.
Dicas para o problema
Doe mais seu amor, abrace com mais frequência e de forma mais acolhedora e verdadeira, entregue-se às relações e aja com mais sinceridade e transparência, sem medo de julgamentos.
Para o físico, a dica é tomar sol nas mamas, em horários adequados, pois isso tende a normalizar suas terminações nervosas e aumentar sua resistência e sensibilidade. Outra possibilidade é oferecer diferentes estímulos para as mamas, como por exemplo: vibração, estímulos com gel, sensações de calor e frio, toque com luvas espessas etc.
Isso ajudará a mama muito sensível a ganhar resistência e a pouco sensível a despertar as terminações nervosas e melhorar sua sensibilidade.
DOR NO SEXO (DISPAREUNIA)
As dores na relação sexual geralmente acontecem nas paredes vaginais, no momento do ato, mas também podem surgir depois do sexo, no baixo ventre.
A dispareunia é uma resposta de proteção do corpo para a mulher não sentir dor, seja ela física ou emocional. Por exemplo: você decide fazer sexo com uma pessoa que, lá no fundo, sabe que pode se arrepender depois. Nesse caso, sua musculatura vaginal tensiona e você sente dor no ato sexual.
Outro motivo das dores são os nódulos musculares – também chamado de couraças – que ficam instalados no canal vaginal e, ao entrarem em atrito com o pênis, causam dor. Esses nódulos podem ser adquiridos por traumas ou defesas sexuais, ou qualquer outro teor sexual, amoroso, maternal ou que tenha relação com autoestima.
A dor nos músculos vaginais representa a falta de flexibilidade que você tem no amor ou na sua sexualidade.
Isso pode acontecer por vários motivos, como: conflitos com sua identidade e crenças pessoais; criação repressora; ou vontade de se libertar e se soltar para o sexo, mas sem coragem para tal, o que a faz se sentir presa. Para tentar resolver o problema, pense a respeito da falta de flexibilidade que tende a adotar nesses campos da vida e tente se adaptar à situações que a vida lhe apresenta.
Dicas para o problema
Para prevenir o problema, permita-se receber o prazer, confie em quem está com você e, principalmente, em si mesma. Sinta o desejo e a excitação e conduza a relação sexual no seu ritmo, percebendo quais são suas dores emocionais no amor e na sexualidade. Além disso, fale, perdoe e então deixe que o prazer de viver outras emoções fale mais alto.
ANORGASMIA (AUSÊNCIA DE ORGASMO OU DIFICULDADE PARA ALCANÇÁ-LO)
A anorgasmia não se trata de uma disfunção física, já que o orgasmo, por si só, é emocional. Quando a mulher tem alguma disfunção nesse quesito, muitas vezes não há nada de tão grave.
Devemos lembrar que todo processo fisiológico feminino para sexualidade é muito complexo, e até mesmo possui um sistema só para isso, como o sistema nervoso simpático feminino.
Portanto, para que a mulher possa usufruir do auge desse prazer, é preciso que antes ela tenha seguido as etapas que irão preparar seu corpo para isso:
- primeiro o desejo pelo sexo e pela pessoa parceira
- depois a excitação (que são as respostas do desejo no corpo, como lubrificação, aumento do debito cardíaco, frequência respiratória, etc.).
Por exemplo: uma mulher que é acordada no meio da madrugada pela pessoa parceira, que tem o intuito de rapidamente querer iniciar o ato sexual. Como ela não passou pelo desejo e excitação antes do sexo e não pôde preparar seu corpo, é provável que – além de sentir dores, porque a vagina não estará completamente aberta para receber o pênis – ainda não chegue ao orgasmo, já que não houve sangue suficiente para preencher a esponja uretral e tantas outras partes necessárias.
Além disso, os estímulos neurais também não estarão alinhados com o resto do corpo. Portanto, mesmo aquelas mulheres que conseguem chegar ao orgasmo sem desejo e excitação, ainda assim não estão explorando todo potencial desse clímax – o que muitas vezes causa dúvidas se o que elas sentirão foi, de fato, um orgasmo.
Dicas para o problema:
O sexo é uma expressão da alma. Isso significa que você precisa se libertar para sentir o momento – sem julgar ou racionalizar. É algo que você não deve pensar a respeito, apenas fazer.
Funciona como uma dança, na qual não se avisa os passos que serão dados, eles são apenas feitos e a outra pessoa lhe acompanha. Portanto, se você é racional ou controladora demais, isso lhe impedirá de ter orgasmos.
CÓLICAS MENSTRUAIS FORTES E FREQUENTES
O útero guarda memórias de bloqueios emocionais amorosos, sexuais e relacionados à autoestima, autoconhecimento e maternidade.
Isso significa que todas as questões que estão ali guardadas serão “apertadas”, na forma de cólicas menstruais, para serem eliminadas junto ao sangue – que também é um ato de limpeza do corpo.
Esse sistema sinaliza uma inteligência corporal. Massagens, de modo geral, são capazes de eliminar couraças de raivas e mágoas guardadas em uma região específica. Como não temos acesso aos sentimentos guardados no útero, o corpo faz essa “massagem” para nós, no intuito de eliminá-los, por meio do que sentimos como cólicas.
Dicas para o problema
É preciso resolver seus problemas relacionados às mágoas amorosas: desapegue de possíveis traições que tenha sofrido, chegou a hora de parar de remoê-las. Desligue-se dos amores do passado, guarde apenas uma boa lembrança no coração e respeito pelas pessoas que passaram pela sua vida.
No geral, a lição é aprender a viver no presente – e não com base nas memórias do passado – e, principalmente, se amar como mulher e se harmonizar com os seus ciclos, comparando-os aos ciclos da natureza e buscando compreender a menstruação e o que ela tem para lhe dizer.
Repare que nos meses de maior estresse o sangue menstrual sairá mais espesso, escuro e até fétido, enquanto nas épocas de maior tranquilidade ele terá uma cor vermelho vivo. Ame seus ciclos e a condição de ser mulher. Assim, você verá que – como mágica – tudo se arranjará.
OBESIDADE
A origem da palavra obesidade vem do latim “obesita”, que significa “devorar”. Metaforicamente, o problema pode ser comparado a um casulo, no qual a pessoa vai se enchendo de tecido adiposo, como se formasse uma gordura de proteção contra o mundo e seus medos.
Geralmente existe nesta pessoa uma fragilidade interior e um desespero em lidar com relações familiares, afetivas, profissionais e sociais, além da dificuldade em enfrentar obstáculos e assumir suas fraquezas ou expressar seus medos e seus desgostos.
Com isso, tenta reprimir essa vontade de se expressar buscando outros tipos de prazeres, como o da comida. Em muitos casos o prazer em comer preenche o vazio interior que sente.
O problema é que quanto mais se esconde nesse casulo dos seus medos, fragilidades e inseguranças, mais precisará lidar com possíveis questões de autoestima, como comportamentos neuróticos e até mesmo padrões de ciúmes que antes não existiam.
Por ser um problema tão comum entre as mulheres, esta disfunção está sendo tratada neste artigo também.
Dicas para o problema
cuide do seu corpo como um gesto de carinho e respeito consigo mesma – não com os outros ou porque a sociedade pede. Aceite que você tem medo de não ser aceita e veja como poderá lidar com isso, mas não se engane. Tenha consciência da sua realidade corporal e enfrente-a, se olhe mais no espelho e esteja disposta a mudar suas dificuldades emocionais.
Evitar olhar para sua imagem corporal só tende a piorar os efeitos emocionais nocivos. Questione-se: qual efeito o excesso de peso causa na minha vida? O simples fato de você estar enfrentando as situações já ajudará a quebrar os padrões emocionais que levam à obesidade.
Uma prova disso é quando a pessoa não faz grandes esforços e, mesmo assim, emagrece. Acima de tudo, não busque ter um corpo diferente para ter mais autoestima, mas aprenda a reconhecer seus valores e ter amor-próprio antes de qualquer coisa.
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Roberta Struzani
Terapeuta especializada em sexualidade e saúde ginecológica. Realiza atendimentos presenciais e online focados no autoconhecimento, na elevação da autoestima e na saúde do aparelho reprodutor feminino. Sua principal ferramenta de trabalho é o Pompoarismo.
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Fonte: Mulher