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Superproteção na infância gera adultos inseguros e com medo de mudar

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Todo ser humano almeja viver uma vida em que se sinta plenamente satisfeito. Porém, para alguns, é tarefa extremamente difícil colocar-se em movimento e tomar as atitudes necessárias para tornar real esse sonho de felicidade. De acordo com o ortodontista, escritor, palestrante e autor do livro “O poder do ânimo”, Mauricio Souto, a insegurança é muitas vezes a raiz dessa imobilidade. E ela, diz Souto, como tantas outras limitações, costuma ter suas origens nos ensinamentos transmitidos pelos pais ou pessoas com quem o indivíduo conviveu com alguma proximidade na infância.

O escritor destaca que esses aprendizados ou lições que construímos ao longo da vida, a partir do que presenciamos e experimentamos (vendo, ouvindo e sentindo repetidamente) tendem a se cristalizar em nós como crenças, verdades as quais não refletimos a respeito e que nos conduzem nas conquistas ou frustrações. “Aproximadamente 90% de nossas decisões se baseiam em nosso subconsciente, isto é, naquilo que acreditamos e que já não questionamos mais, porque estão enraizadas na nossa forma de ser”, explica.

Por exemplo, destaca Souto, quando os pais, dentro de suas limitações, educam seus filhos para que tenham um futuro estável e seguro, com muitas restrições, cuidados exagerados, tentando à sua maneira poupar a prole dos perigos do mundo, eles certamente estão estabelecendo na mente de suas crianças pensamentos automatizados sobre esse assunto. “O resultado desses ensinamentos acaba por gerar dificuldades, algumas que impedem os filhos na vida adulta de saber para onde querem ir e o que realmente podem alcançar”, diz.

Ao buscarem o melhor para seus filhos, e em nome disso tentarem facilitar a vivência deles, os pais acabam por eliminar certos obstáculos que, de outro modo, poderiam funcionar como aprendizados. “Esses pedaços do caminho da infância e da juventude – que se transformaram em pontes sustentadas pelos pais – se projetam nas vidas destes indivíduos já crescidos como momentos de insegurança”, afirma Souto, ressaltando que os pais, no final das contas, acabam por impor no presente de seus filhos aquilo que tanto desejavam evitar que ocorresse no passado deles, a insegurança, de uma maneira que acaba limitando ou inibindo suas ações.

Conforme o escritor e palestrante, ter uma mãe ou um pai superprotetor (ou ambos) é muito mais comum do que se imagina. Souto reitera que esse tipo de comportamento, muitas vezes sentido como opressivo, gera nesses indivíduos, já adultos, lembranças ou traumas com um potencial muito nocivo. “Essas recordações contribuem demasiadamente para restringir ou marcar as vidas dessas pessoas, impedindo-as de agirem para mudar suas trajetórias e de ousarem mais em busca de alguma realização”, afirma.

A insegurança que norteia a conduta do indivíduo adulto, cuja infância foi marcada por superproteção, explica Souto, reflete-se no medo de ele perder o que já conquistou. “A pessoa não arrisca nunca e tudo o que faz tem como propósito, em primeiro lugar, preservar o que já foi obtido”, diz. Assim, mesmo que esteja vivendo uma vida infeliz, ele não muda.

Contudo, apesar de não ser fácil movimentar-se em busca de novos rumos, fazê-lo é imprescindível quando se está insatisfeito, destaca o escritor e palestrante. “Se o indivíduo não muda, não acompanha a velocidade com que o mundo vem se transformando, ele para no tempo, fica refém da história, comprometendo sua vida e os projetos que gostaria de realizar”, diz.

Mudar é um processo doloroso, pondera Souto. “Isto porque muitas vezes exige que se abra mão de muitas coisas que o indivíduo acreditava serem únicas e verdadeiras, para abraçar o desconhecido”, explica. Assim, ressalta o escritor e palestrante, é natural que a pessoa quando necessita mudar seja assaltada pelo medo e pela insegurança e que, diante desses dois sentimentos, opte por voltar para a zona de conforto, resguardando-se e pondo em prática o lema “é melhor o certo do que o duvidoso”.

Para mudar, afirma o palestrante, é necessário ajustar o equilíbrio emocional, ter um estado de ânimo mais positivo, acreditar mais naquilo que deseja alcançar, ser mais autoconfiante e melhorar bastante a autoestima. Conforme Souto, a adoção destes comportamentos só será possível, no entanto, se a pessoa investir no autoconhecimento. “É conhecendo-se melhor que o indivíduo consegue identificar as situações em que age mais em razão da opinião dos outros do que da sua própria”, diz.

E quando ele se dá conta disso, ressalta Souto, começa a tomar decisões com base nos seus próprios sentimentos, de acordo com sua disposição e necessidade. “Dessa forma, qualquer resultado que alcançar experimentará como mais legítimo, pois é fruto do seu desejo”, afirma.

Por fim, reitera o palestrante, mudar é uma atitude fundamental para quem deseja ser o protagonista da própria história e ter de fato uma vida extraordinária. “Isso implica se abrir para o novo, dispor-se a percorrer novos caminhos, questionar seus conceitos e comportamentos (nada de piloto automático), avaliar o que faz sentido, o que é desperdício (de energia e de tempo) e o que realmente está buscando ou querendo construir na vida ou em sua história” diz. Neste processo, destaca o autor do livro “O poder do ânimo”, tão importante quanto quebrar paradigmas e formar novas crenças, é agir, se propor a fazer, tomar uma resolução. “Agir é fazer, é produzir”, conclui.

Fonte: Mulher