Marília

Mundos internos e mundos externos

Mundos internos e mundos externos

“(…)Pra perceber de fato
Tudo o que está em jogo
Tem que andar descalço
Dentro da tua rua

Pra entender agora
O que guardou no peito
Tem que olhar lá fora
pra entender por dentro

Olhar pra fora é ter coragem
Crer na viagem, no envolvimento
Olhar pra dentro é o momento
De sentir agora o que viu lá fora(…)”

Música: Olhar pra fora
Composição e interpretação: Paulo Novaes

Quando percebemos a necessidade de buscar ajuda profissional? Quando o sintoma aparece, ele é o sinalizador de que algo não vai bem e precisa ser avaliado e cuidado, no campo psicológico o sintoma muitas vezes aparece como uma tristeza ou ansiedade excessivas, como uma angústia intensa e constante, confusão, dificuldade de organização da rotina, irritabilidade constante, insônia constante, entre outras coisas.

Podem também aparecer em sintomas físicos como problemas de pele, gastrite nervosa, enxaqueca constante, cansaço, fadiga excessiva, dores no corpo, perda de memória, entre outros. Tais sintomas podem ou não estar associados a situações pontuais e atuais, mas independente disso, é sempre bem-vindo encontrar um ou uma profissional que te auxilie no caminho de reencontro consigo mesma/o.

Existem sintomas que são mais silenciosos e por isso mesmo acabam passando despercebidos, quando olhamos demais para fora perdemos a conexão com o interno, com essas nuances mais abstratas e que existem, são reais tanto quanto o mundo concreto o qual se conhece mais.

Vivemos em uma sociedade que valoriza em excesso o que acontece no mundo externo, em detrimento dos movimentos mais internos e não tão visíveis assim, todo comportamento externo é orientado pelo que acontece internamente, portanto para compreender o que acontece fora é preciso navegar dentro.

Em textos anteriores falei bastante sobre a importância dos momentos de pausa e reconexão consigo, o hábito de prestar atenção ao que se sente é o mapa para perceber quando as coisas não vão bem, inclusive no âmbito mais sutil. Autoconhecimento é dança para a vida toda, pois é através disso que se desenvolve uma escuta afinada de si e é essa escuta que orienta frente aos imprevistos e descaminhos.

A vida acontece tanto internamente quanto externamente, mas afinal de contas o que quero dizer com mundo interno? O mundo interno é disposto em camadas desde as mais acessíveis a qual chamamos de consciência, assim como camadas mais profundas a qual denominamos de inconsciente e nessas diferentes camadas nossos pensamentos, emoções, sentimentos, representações psíquicas confluem e se interrelacionam o tempo todo, orientando e forjando os comportamentos, que se manifestam no mundo externo.

Tudo isso está em intima conexão de forma contínua, nesse sentido, muitas vezes, para alcançar mudanças sólidas e acessíveis no mundo externo, será preciso navegar nas camadas internas, pois é no processo de compreensão, conscientização e desenvolvimento de novos recursos que se poderá sentir, vivenciar não só o alivio dos sintomas dolorosos, mas também processos importantes de transformação.

Te convido a começar a ser mais atenciosa/o consigo, escutar não só os movimentos concretos, mas também, esses lugares sutis e abstratos de si, muitas percepções e aprendizados são acessados nessa escuta afinada e se algo por aí não vai bem, busque ajuda, não protele teu autocuidado.