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Mulheres na liderança médica: um campo predominantemente masculino

Arquivo pessoal Alexandra Prufer se destaca na área médica
Arquivo pessoal Alexandra Prufer se destaca na área médica


Na escolha de uma carreira, diversos aspectos são considerados, seja por propósito de vida, afinidade, reconhecimento, ascensão social, entre tantos outros. No caso de Tatiana Branco sua decisão foi influenciada pelo exemplo familiar. “Tive o exemplo inspirador de minha mãe, que era médica, e a quem admirei desde a infância. Por isso, sempre me encantou compreender como podemos transformar a vida das pessoas, entendendo o funcionamento do corpo humano e as possibilidades de reverter situações desafiadoras “, revela Tatiana, hoje diretora médica sênior da Biogen Brasil, empresa de biotecnologia voltada à neurociência.

Mas nem sempre as escolhas baseadas em preferências e propósitos vêm acompanhadas de simplicidade. Assim como em outros setores, na área médica, a história das mulheres tem sido marcada por desafios e relevantes conquistas. A primeira brasileira a se formar em medicina no Brasil foi Rita Lobato, em 1832, 55 anos após o primeiro profissional do sexo masculino. Conquistas como essa tiveram um impacto significativo na busca pela igualdade de gênero e no reconhecimento dos direitos das mulheres, que reverbera até hoje.

De acordo com dados do documento Demografia Médica no Brasil, realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), mais mulheres têm encarado a carreira médica. Em 2019, dos 21.941 profissionais médicos registrados no CFM, 12.616 (57,5%) eram do sexo feminino, representando o maior número de inscrições em 10 anos. Em um campo que costumava ser predominantemente masculino, essa evolução já é considerada um marco histórico.

Ainda assim, existem inúmeros desafios diários enfrentados pelas mulheres na medicina, afirma Tatiana: “As mulheres ainda são direcionadas para especializações consideradas ‘femininas’, como pediatria e medicina de família. Embora não sejamos uma minoria em número, talvez em oportunidades sim.”

Segundo a publicação da Sociedade Brasileira de Neurologia (SBN), A Neurocirurgia no Brasil: perfil dos profissionais e os serviços de saúde, 2019, a neurocirurgia tem o menor percentual de mulheres, totalizando 8,6%, isso significa que, a cada 100 profissionais da área, apenas oito são do sexo feminino. O estudo ainda evidencia que, apesar da persistente desigualdade de gênero nessa especialidade, considerada por muitos como masculina, as mulheres se destacam quando se trata de assistência mais humanizada.

Em áreas como a neurociência, por exemplo, pouco a pouco tem-se obtido representações femininas, como Alexandra Prufer, neuropediatra e pesquisadora acadêmica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e no Instituto de Pediatria (IPPMG). “Quando decidi me especializar na área de neurologia clínica, foi bastante desafiador, pois era muito dominado por homens. Mas vamos devagarinho, avançando. É importante lembrar que o potencial profissional independe do gênero”, afirma.

Fonte: Mulher