Paolla Oliveira falou ao Fantástico, no domingo (14), sobre como mudou a forma de enfrentar as críticas e imposições sobre o corpo. “O que a gente está falando aqui é sobre liberdade, sabia?”, disse. A atriz, que também é rainha de bateria da Grande Rio, afirma que já houve momentos em que chegou a pensar em deixar de desempenhar o papel no carnaval.
“Você imagina, me arrumar de achar linda, fazer uma roupa maravilhosa, e você vai para o ensaio. Chego no ensaio, você é gongada, você é massacrada, criticada, você não quer voltar”, declarou. Paolla falou também que já foi muito afetada pelas críticas e que, agora, resolveu ter mais liberdade.
“Já me maltratou muito, não queria ver. Eu tinha taquicardia, suava de nervoso de ver uma foto horrível, de ver um braço coisado que não era o que tinha que ser. Então, assim, é uma coisa horrorosa”.
“A pressão estética é um aspecto tão chocante que tem reflexos significativos na mente humana, uma vez que, principalmente as mulheres, entram na neurose de querer corresponder à todo custo, ao que está sendo exigido pelas pessoas que a julgam. Seja um corpo, uma pele e um cabelo esteticamente perfeitos, independente de idade, de condição de saúde, condição financeira ou qualquer outra coisa”, alerta a psicanalista Andrea Ladislau.
“E é nesse momento que a autocobrança também entra no jogo. O nível de cegueira por perfeição é tão intenso em alguns casos, que a necessidade de corresponder as exigências externas desencadeiam dores físicas e emocionais, como: gastrites nervosas, insônias, distúrbios alimentares sérios, alterações severas de humor, compulsões, baixa autoestima, complexo de inferioridade, pânico por medo de estar sendo julgado, crises intensas de ansiedade, sudorese e taquicardia, além de desequilíbrio hormonal, entre outros. Ou seja, o corpo e a mente podem descompassar pelo excesso de exigências por perfeição fisica em demasia, adoecendo a mente da pessoa”, diz a terapeuta.
Para Wendell Uguetto, cirurgião plastico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e do Hospital Albert Einstein, o desejo pelo corpo alheio se reflete nos consultórios. “Já faz muito tempo que as pessoas se inspiram, sejam modelos, atores, personagens, para algum tipo de modificação para melhora, tanto do corpo quanto do rosto. Então, desde a década de 70, as revistas usam Photoshop, mesmo que precursores naquele momento. O cinema sempre teve jogo de luz, afim de melhorar a beleza, e disfarçar defeitos. Sempre teve maquiagem. Então, desde a década de 70, 80, a gente já vê isso. E aquelas pessoas que a gente idealiza, elas já não são bem na realidade como elas aparecem na televisão, elas já são modificadas. Aí, imagina no século 21, no ano de 2024, com uma gama de tecnologia, inteligência artificial absurda”, conta o médico.
E aí vem o advento das mídias sociais, onde todo mundo só expressa nelas o lado bom, o lado bonito. Então vai culminar com uma pressão estética por uma perfeição que não existe. “E a gente vê o caso da Paolla Oliveira, ela como vítima, mas o meio que ela vive foi o causador disso tudo, em que a novela, as revistas sempre fizeram as modificações e sempre a colocaram como uma musa que não tinha defeito, como se não tivesse celulite, como se não tivesse gordurinha localizada. Então, você pega as fotos da Paolla Oliveira, que não são tiradas por ela, mas que apareceram em revistas o corpo, sempre está perfeito. Então, sempre teve um tipo de modificação. Ela é vítima do meio que ela está, que é a televisão”, acredita Uguetto.
“O que acontece é que o paciente chega no consultório almejando esse tipo de resultado. Só que ele é totalmente fake, não é a Paolla Oliveira original. Então, os pacientes chegam assim pra mim: “Wendell, eu quero ficar igual a Paolla Oliveira.” Sim, mas tá bom, você quer a Paolla Oliveira do Photoshop ou você quer a Paolla Oliveira real, que ela tem falado, em busca de você não ter essa pressão absurda do corpo e do rosto? Porque, a Paolla Oliveira do Photoshop só existe no Photoshop. Isso é muito difícil de você conscientizar o paciente, de conscientizar que essa realidade não existe. E aí a gente tem que ter uma conversa franca, explicar que todo mundo tem defeito, todo mundo tem a gordurinha localizada, todo mundo vai ter celulite, e isso é normal. E a cirurgia plástica é um adjuvante para melhorar o que você tem, mas a cirurgia plástica também não faz milagres. Os procedimentos estéticos também não fazem milagres”, alerta.
O médico adianta que tem que conscientizar o paciente que o que ele vê na revista, na televisão, na internet, nas mídias sociais, é um mundo fantasioso, esse mundo não é a realidade. “Uma vez que o paciente entende isso, e está preparado para fazer alguns procedimentos cirúrgicos, a cirurgia é indicada. Quando o paciente não entende, cabe ao médico, muitas vezes, até se recusar a operá-lo. Por quê? Porque o paciente não vai atingir o nível de expectativa. E aí ele vai ter feito um procedimento cirúrgico e vai ficar descontente com o procedimento. E o que acontece? Muitas vezes ele vai e busca outro profissional para fazer outro procedimento, e aí outro profissional para fazer outro procedimento, e fica aquela busca incessante de uma perfeição que não existe”, ressalta.
Paolla Oliveira agora faz vídeos no Instagram exaltando a aceitação dos próprios corpos, não sem a consciência de que ela mesma faz parte de um grupo bastante restrito. “Eu respondo, eu argumento, eu faço vídeos. Eu me sinto corajosa de estar fazendo isso. Do alto do meu privilégio, uma mulher branca padrão, bem sucedida, eu estou falando: eles não me deixam em paz”, diz Paolla.
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Fonte: Mulher