Marília

Acúmulo de riscos em caso da CDHU é derrota monumental para a coletividade

Acúmulo de riscos em caso da CDHU é derrota monumental para a coletividade

A realocação de centenas de famílias que vivem em situação de risco nos prédios da CDHU na zona sul de Marília é uma derrota digna de monumento para celebrar um fracasso de Marília como coletividade.

Há anos o conjunto de apartamentos é o centro de condutas ilegais, abandono, descaso público e tratado pela coletividade como uma poça de água, é só desviar. Bem. Não é.

E seja por ironia ou má sorte do homenageado, tudo isso acontece em conjunto com nome de um dos mais celebrados juristas com atuação na cidade, o juiz Paulo Lúcio Nogueira, mineiro que fez toda sua vida no Estado de São Paulo e em especial em Marília, com uma carreira que honrou o judiciário.

A condição a que chegaram os prédios e a discussão judicial e administrativa em torno dele não honram ninguém.

O condomínio foi centro de repetidas situações de insegurança que só se avolumaram sem medida de solução – até porque, a medida dependeria também de políticas sociais, que não fazem muito sucesso na vida pública -.

Enquanto isso a estrutura se deteriorou em anos de polêmica, de riscos, de problemas que ficaram maiores e mais caros em meio a um jogo de empurra.  

Sozinha, a ordem judicial para desocupar os prédios não representa o fim do caso. E seu cumprimento vai encerrar a situação caótica do condomínio e dar início a novos dramas.

Em caso de cumprimento da ordem sem novas trombadas judiciais, haverá centenas de realocadas ou de famílias que vão receber um aluguel social de R$ 600, que será caro para os cofres públicos e pequeno para as famílias.

Há risco de perda da função nos valores, de ocupações indevidas, de novos problemas sociais na esteira das famílias em dificuldades, que estariam longe dos riscos nos prédios e perto de outras.

Vítimas – tanto esses famílias quanto a coletividade geral da cidade – do abandono, falta de planejamento, falta de ação comunitária, culpa dos moradores também que não reagem aos diferentes problemas. Afinal, é problema deles né, não dos bairros da zona oeste ou leste, certo? Errado.

A cada situação de violência, a cada risco, a cada efeito colateral das medidas a conta é dividida. Há mais casos na mesma situação, seja na habitação, seja na saúde, seja na educação.

Ou a coletividade se une pra cobrar planejamento e dar mais valor a ele, cobrar ações efetivas em vez de discurso ou vai se unindo só na hora de pagar a conta. E aí, já perdeu, playboy.