Marília

Acusação de tráfico contra jovens de Marília inclui notas frias, imóveis e drogas ‘referência’

Acusação de tráfico contra jovens de Marília inclui notas frias, imóveis e drogas ‘referência’

Um relatório de 84 páginas sobre a investigação que apontou a existência de uma organização para tráfico de haxixe e drogas sintéticas em Marília mostra situações como movimentação milionária de recursos, compra de imóveis, lavagem de dinheiro em notas frias e mais.

O documento obtido pelo Giro Marília detalha operações de venda, entrega, acordos entre acusados, valores cobrados, revenda, compra de outros produtos de forma ilegal – como esteroides usados para ganhar músculos e vendidos no mercado negro sem prescrição médica-.

Foram presas 22 pessoas em Marília e mais cidades. Alguns dos acusados já tentaram – e não conseguiram – reverter as prisões em recursos ao Tribunal de Justiça.

O relatório explica a lavagem de dinheuiro do tráfico com emissão de notas fiscais frias  em transações que alguns dos acusados apontam valores entre R$ 150 mil a R$ 200 mil. Detalha atuação de acusados em São Paulo – uma base de distribuição – Ourinhos – ponto de armazenamento e mais cidades.

Embora a polícia tenha destacado acusados em famílias de classe média e alta e pais com bom poder aquisitivo, o grupo tem também moradores de bairros populares que criaram estilo de vida muito fora de sua realidade.

Em um dos casos, o documento cita um acusado com salário de R$ 1.496 que ostentava compras de como carro de luxo, uma televisão de 85 polegadas por R$ 7,5 mil e tênis importado.

O acusado de comandar a organização declarou à Receita Federal renda mensal na faixa de R$ 7.000. Mas é apontado como comprador de imóveis em seu nome e de terceiros.

“Vários imóveis registrados em seu nome e principalmente em nome de terceiros, tais como terrenos, apartamentos, salões comerciais, casas em condomínios fechados de alto padrão, todos nesta cidade de Marília-SP, bem como casa de praia e imóveis diversos em outras localidades“, diz o documento obtido pelo Giro.

E se a movimentação financeira e aquisição já era suspeita, o que o documento mostra é uma conforto em tratar da operação em redes sociais que deixou vários rastros e provas.

Uma delas é quase cômica. Um acusado de atuar com o transporte das drogas mora em São Paulo, usa um carro registrado em CNPJ, mas deixou carimbada sua passagem por Marília na época das conversas: levou uma multa na rodovia.

Foi autuado neste município, no local denominado SP294 – DER, por transitar em velocidade superior a máxima permitida em até 20%.

As mensagens apontadas como provas incluem informações com troca de imagens de tóxicos, detalhes de contabilidade e apelidos para entorpecentes que acabam substituídos pelo nome real das substâncias em outros registros. Para polícia, uma exposição do tráfico, da organização e lavagem do dinheiro.

As mensagens obtidas incluem informações sobre a ‘troca de placas’ de drogas sintéticas, queixas sobre entregas, expectativa de vendas. E alguns impasses.

Questionou a qualidade das placas recebidas, tendo mencionado que ‘o entorpecente estava preto avelã, um preto puro e que não era da qualidade que ele esperava’, tendo o mesmo dito que este ‘estava lhe tirando’ e solicitou a devolução do dinheiro.”

Também revelam um esquema de produção local de drogas como haxixe com plantio na cidade. Cita conversas surpreendentes.

 “Você é louco mano se eu pego um Grow desse tamanho aí fico trampando extração, você é louco mano, nós fica referência do Brasil, vamos fazer os gringo pagar pau, para chá brasileiro”.