Quando uma mãe chora, todas choram. E quando uma mãe luta e pede justiça, o que as outras podem fazer? Para Sabrina Maria Silva, 41, todas podem compartilhar, pedir medidas, mandar mensagens a autoridades. É o que ela faz desde a morte de Katrina, 16 anos, filha única, baleada durante a festa do peão de Promissão (90km de Marília).
A morte de Katrina ganhou repercussão nacional. Pegou Sabrina, uma tecnóloga em radiologia que já foi cabeleireira, em nova carreira e projeto de mudança de cidade. Teve que fazer nova transformação. “Preciso ser ouvida, eu preciso de Justiça”, disse ao Giro Marília.
As duas nasceram em Promissão, mas a mãe estava em Foz do Iguaçu, a 780km de distância, quando recebeu o telefonema do enteado para contar que “uma coisa grave” havia acontecido com Katrina.
A menina foi à festa com amigos e estava de saída, caminhando para encontrar o pai, quando foi atingida por um tiro disparado pelo delegado Vinícius Martinez, que atuava em Lins mas morava em Marília, em meio a um caso que começou como desacato a policiais militares.
“É uma dor que eu não desejo para ninguém. Eu e meu marido estamos estarrecidos. Não há nada que eu possa fazer. Não tem como visitar, ligar, ver, tocar, abraçar, sentir o cheiro dela ou ouvir falando de novo. Levamos um golpe muito grande.”
Sabrina ainda chora, mas está em movimento e já foi até ao governador Tarcísio de Freitas pedir justiça.
“Estava a trabalho em Foz do Iguaçu. Íamos embora para lá no final do ano, já tinha feito uma pré-matrícula para ela no colégio de lá e ela estava muito contente. Recebi a informação através do meu enteado, por volta de 3h do dia 5: eu precisa ir urgente.”
Ainda tem guardadas mensagens da filha, inclusive trocadas poucas horas antes da morte, com a menina contando que ia a um brinquedo do parque. O acervo é um dos alentos para a mãe.
“Eu tenho muita troca de mensagens nossa. A gente era muito amiga era uma ligação bem forte. Tem sido muito importante ter todas essas lembranças vídeos e imagens nossas é o que me conecta a essa distância dos mundos que hoje vivemos separadas.” Veja mais reações da mãe
– Fé
“Somos religiosos, ela cresceu dentro da igreja, fez todas as etapas desde batismo, catequese, primeira comunhão, crisma e participava do grupo de jovens.”
– Apoio
“Falam que ela é perfeita, uma menina que ajudava vários amigos com crises em depressão, crianças que estavam com algum problema, chega mensagem todos os dias.”
– Promessa
“Eu agradeço as orações recebidas e todo o apoio para lutar por Justiça mesmo sem entender, só me mostra que estou no caminho correto e não é para desistir. O que eu prometi a ela eu vou cumprir eu não tenho medo de nada já perdi o bem mais precioso.”
– O julgamento do caso
“Ele ser condenado em matar minha filha querida não me ajuda. Mas tem que seguir as leis, não permitir que matem mais outras Katrinas e que a lei seja justa. Ele bebeu, atirou quatro vezes, matou e tem que pagar, independente da função dele, tem que ser julgado e pagar pelo ato cometido.”
– O futuro
“A perda jamais iremos superar ela foi arrancada brutalmente de nós. Somos pessoas honestas e trabalhadores, lutamos por anos pra poder dar um futuro digno a ela. Minha mãe tem 76 anos e ela está muito mal pois ela sofre duas vezes. Pela perda dela e por ver meu sofrimento.”