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Seca histórica no Norte ameaça logística de fertilizantes e eleva custos no agronegócio

Seca histórica no Norte ameaça logística de fertilizantes e eleva custos no agronegócio
 

A maior seca dos últimos 20 anos no Norte do Brasil está impactando diretamente a importação de fertilizantes que chegam pelos portos da região, fundamentais para atender os produtores do Centro-Oeste. A baixa nos níveis dos rios, em especial no Arco Norte, está dificultando a navegação, forçando desvios de rotas para outros terminais e elevando os custos de transporte.

Especialistas afirmam que, com a seca, as embarcações que transportam fertilizantes pelo rio Madeira, uma das principais vias de escoamento no Arco Norte, enfrentam grandes desafios. Em Porto Velho (RO), uma das Estações de Transbordo de Carga (ETC) que operam no rio, a navegação está interrompida devido ao nível crítico das águas. Em algumas áreas, o nível do rio está tão baixo que é considerado “negativo”, impossibilitando o transporte por hidrovia.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a frente fria que trouxe chuvas para partes do Mato Grosso do Sul não será suficiente para reverter a situação crítica no Norte, onde os rios continuam secando. A falta de água na região impacta diretamente a logística, uma vez que o Arco Norte, apesar de não ser a principal rota de entrada de fertilizantes no país, tem se tornado uma alternativa ao movimentado Porto de Paranaguá. Nos últimos quatro anos, a importação de adubos por essa rota mais que dobrou, saltando de 1,5 milhão de toneladas no primeiro semestre de 2020 para 3,7 milhões de toneladas no mesmo período de 2024.

Desvios e aumento de custos

Com a redução no volume de água dos rios, especialistas alertam que os portos do Arco Norte podem sofrer aumentos expressivos nos custos com “demurrage” — taxa cobrada pelo tempo extra que o navio permanece no porto. Além disso, o desvio de embarcações para outros portos, como o de Itaqui, em São Luís (MA), e os terminais do Sul e Sudeste, pode se tornar inevitável, encarecendo ainda mais o frete.

A dragagem no rio Madeira, que está sendo realizada desde agosto, já retirou 30 mil metros cúbicos de sedimentos com o uso de três equipamentos de sucção e recalque. A previsão é de que 1,3 milhão de metros cúbicos sejam dragados até o final do ano, mas o impacto no custo logístico já é uma realidade.

Em junho, o frete de grãos na rota de Sinop (MT) a Miritituba (PA) chegou a R$ 278 por tonelada, mantendo-se estável em relação ao ano anterior. No entanto, o frete de fertilizantes no trajeto de retorno subiu, atingindo R$ 143 por tonelada, acima dos R$ 137 registrados em 2023.

Medidas emergenciais e expectativa

Para evitar o desabastecimento, uma das soluções em estudo é o uso de estações flutuantes para o transbordo das mercadorias, permitindo que as embarcações continuem navegando por barcaças. Segundo especialistas do setor logístico, com essas intervenções, a navegação pode continuar, mas o aumento nos custos será inevitável.

A seca prolongada no Norte brasileiro deve continuar gerando impactos na cadeia de suprimentos, especialmente no fornecimento de fertilizantes. Além do aumento dos custos logísticos, os atrasos nas entregas podem prejudicar a produção agrícola no Centro-Oeste, uma das regiões mais dependentes desses insumos.

 

Fonte: Pensar Agro