A Operação Resgate IV retirou em agosto 593 trabalhadores de condições de trabalho escravo, 11,65% mais que em 2023 (532). E 130 foram encontrados em municípios do interior de São Paulo.
O Sudeste concentrou 75% das vítimas. Pelo menos 23 equipes de fiscalização participaram de 130 inspeções em 15 estados e no Distrito Federal. Os dados estão em um balanço divulgado pelo Ministério Público do Trabalho.
As operações unem a instituição e serviços públicos como Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU), Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Os estados com mais resgatados foram Minas Gerais (292), São Paulo (142), Pernambuco (91) e Distrito Federal (29). Mas também houve vítimas libertadas no Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul.
Entre as atividades econômicas com maior número de vítimas na área rural estão o cultivo da cebola (141), da horticultura (82), de café (76) e de alho (59) e cultivo de batata e cebola (84).
Na área urbana, destacaram-se os resgates ocorridos na fabricação de álcool (38), administração de obras (24) e atividade de psicologia e psicanálise (18). Houve inspeção em dez ambientes domésticos e duas trabalhadoras foram resgatadas.
As equipes flagraram 18 crianças e adolescentes submetidos a trabalho infantil, das quais 16 também estavam sob condições semelhantes à escravidão. As fiscalizações ocorreram no Amapá, Distrito Federal, Mato Grosso e Minas Gerais.
MAIOR DO ESTADO
O maior resgate já realizado no interior de São Paulo aconteceu em Itapeva, onde 82trabalhadores rurais foram retirados de condições de escravidão contemporânea, dentre eles, 48 mulheres e 34 homens.
A fiscalização flagrou irregularidades como falta de EPI, de áreas de vivência e de água potável nas frentes de trabalho. A PRF também identificou irregularidades nos veículos que transportavam os trabalhadores.
Um TAC celebrado com o MPT e a DPU garantiu o pagamento de verbas rescisórias e indenizações aos resgatados.
Outro destaque foi o resgata de uma doméstica escrava por 40 anos. Foi adotada pelo casal de empregadores quando tinha 11 anos, em um orfanato da cidade.
O mês da operação é marcado pelo Dia Internacional para a Memória do Tráfico de Escravos e sua Abolição, instituído em 23 de agosto pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Lembra também a data de falecimento do abolicionista Luís Gama (24 de agosto de 1882), patrono da abolição da escravidão no Brasil.