Marília

Multa encerra caso sobre abuso em preço de combustíveis revelado em Marília

Multa encerra caso sobre abuso em preço de combustíveis revelado em Marília

Terminou, quase dez anos depois, uma discussão administrativa e jurídica de punição contra a Raízen Combustíveis acusada de abuso de poder econômico, fixação de preços e influência sobre outras distribuidoras para restrições no mercado em caso revelado em Marília e depois em Bauru. 

O valor pago com as correções e ajustes chegou a R$ 110 milhões, segundo publicação do jornal Folha de S. Paulo.

As ações de controle de preços teriam ocorrido entre 1999 e 2003 e foram transformadas em um longo processo administrativo a partir de 2005.

O caso chegou a uma pena de multa em 2014 em procedimento do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Em 2015, o julgamento pelo conselho rejeitou recursos da Raízen e de um gerente acusado no procedimento. A multa já passava de R$ 26 milhões.

 Raízen levou a discussão para a Justiça e chegou a recursos no STJ (Superior Tribunal de Justiça), até desistir dos procedimentos e em seguida fazer o pagamento.

Uma nota técnica publicada pelo Cade em 2023 sobre indícios de efeitos negativos à concorrência mostra e de que a Raízen determinava preços e políticas para pressionar marcas que não cumpriam os valores indicados por ela.

“Foram anexados e-mails, termos de declaração, nos quais a distribuidora Shell, por meio de assessores, disciplinavam os preços de combustíveis no varejo dos municípios de Marília e Bauru do Estado de São Paulo”, diz a nota técnica.

A discussão sobre direcionamento é representativa em Marília onde uma antiga discussão pública aponta existência de um ‘cartel’ para definir preços dos combustíveis. A nota do Cade em 2023 joga lenha nesse tema

“A fixação de preço de revenda foi utilizada de maneira a permitir uma melhoria das condições de colusão (conluio) entre marcas de distribuidoras distintas”, diz o documento.

A nota técnica vaio além e lembra que “as mesmas distribuidoras que estavam presentes em Marília estão presentes igualmente em vários outros municípios brasileiros” e aponta um novo caminho a ser investigado.

“Estas investigações jogam luz ao fato de que é possível haver um relacionamento entre distribuidoras de combustíveis que ocorre para além das fronteiras de Marília e Bauru. Recorde-se, igualmente, que as distribuidoras possuem ativos em comum em diferentes mercados, o que não é um ilícito, mas, igualmente, pode diminuir a intensidade de concorrência intermarcas, a depender do contexto.”