Marília

Rede Voa pede ordem judicial para despejar Aeroclube de Marília; ‘força policial’

Rede Voa pede ordem judicial para despejar Aeroclube de Marília; ‘força policial’

O Aeroclube de Marília, uma das mais antigas instituições da cidade, é alvo de um pedido oficial de “reintegração, com autorização de arrombamento e adoção de força policial, caso necessário” apresentado à Justiça pela Rede Voa, empresa privada que assumiu a gestão do aeroporto em 2022. Na prática representa despejo da entidade, embora não seja caso de locação.

A Vara da Fazenda Pública já expediu notificação para que o aeroclube apresente sua manifestação. O caso envolve um pedido de liminar para que a empresa recebe imediatamente a imissão de posse.

Responsável por atrair pilotos com atuação nacional e ver nascer a TAM – hoje Latam – a partir da união de alguns dos pilotos em operação na cidade, o aeroclube formou uma longa lista de profissionais.

Além dos cursos, oferece diferentes situações de interação com a cidade, que vão de eventos nos galpões a voos panorâmicos e recepção de visitas. É um ponto turístico que atrai público de outras cidades.

Enquanto o aeroporto foi gerenciado pelo Daesp, departamento estadual do setor, o aeroclube renovou termos de cessão do espaço sem custos. A Rede Voa chegou em 2022 em meio a último deles, que venceu em maio deste ano. Histórico ou não, o aeroclube passou a ser considerado um cliente, como outras empresas.

Antes do vencimento a empresa já encaminhou propostas comerciais para que a instituição pudesse ficar. Não houve acordo. Em junho o aeroclube pediu prorrogação de seis meses. Não adiantou.

O pedido para despejar o aeroclube chegou à Justiça no dia 19 de julho. No dia 25 de julho o Ministério Público apresentou parecer sobre falta de interesse legal em atuar no caso. E saiu a notificação ao aeroclube.

A entidade ocupa prédio com 3.386m² e três lotes de hangares. Segundo a Rede Voa, foi apresentada uma proposta de valor ‘simbólico’ sem acordo para pagamento.

A empresa diz sofrer ‘risco de dano irreparável’ e que “está deixando de auferir importantes recursos necessários à manutenção de suas atividades regulares”.

Antes de o caso chegar à Justiça o Aeroclube buscou apoio político. Nem a magia do ano eleitoral provocou qualquer medida.

Enquanto isso aconteceu o aeroclube seguiu em atividade: revelou pilotos, recebeu estudantes universitários de Bauru, recepcionou uma consulesa da Índia entre muitas atividades com público.

E assim, dois anos depois da concessão, sem qualquer das grandes obras previstas, o Aeroporto Frank Miloye Milenkovich, nome em homenagem a um apaixonado por aviação, pode ter enfim uma grande mudança: perder a história e a presença do aeroclube.