Moradores dos bairros Jardim Damasco I, II e III, na zona sul de Marília, entregaram à Câmara da cidade um abaixo assinado com denúncias sobre mau cheiro provocado pela empresa Spal Indústria Brasileira de Bebidas S.A. (Coca Cola), do grupo Coca-Cola Femsa.
Segundo dois representantes dos moradores, Luiz Carlos Júnior Araújo e Laércio Agostini Garcia, o mau cheiro é tão forte que além de incomodar os moradores, atrapalha o comércio local.
É uma queixa recorrente por moradores em bairros dos dois lados da rodovia SP-294, onde fica a fábrica da Coca-Cola na cidade. O caso já foi levado também ao Ministério Público. Agora foi apresentado ao presidente do Legislativo, o vereador Eduardo Nascimento.
A origem do cheiro é o sistema de tratamento de esgoto da empresa. As queixas e punições mais que dobraram na cidade, segundo um relatório da Cetesb apresentado no encontro.
O documento mostra que em 2023 foram registradas 12 queixas, com quatro penalidades de advertência e uma multa equivalente a 650 UFESPs (R$ 22.269,00).
“Neste ano de 2024 já registramos 28 reclamações. Em atendimento a essas reclamações a empresa já foi inspecionada em cinco oportunidades, sendo uma delas no período noturno, tendo sido aplicadas duas penalidades de multa, uma no dia 09/02/2024, no valor equivalente a 1560 UFESPs (R$ 55.161,60), e outra, no dia 04/07/2024, no valor de 3120 UFESPs (R$ 110.323,20), equivalente ao dobro da multa anterior, também pela emissão de substâncias odoríferas”.
Em mensagem ao Giro Marília, a empresa informou no início do mês que “segue todos os protocolos definidos pelos órgãos competentes para garantir a correta gestão de resíduos em suas unidades”.
Disse ainda que “vem adotando melhorias na estação de tratamento de efluentes de sua fábrica de Marília (SP), por meio de procedimentos químicos e remoção frequente dos resíduos gerados. Estas ações visam a redução na emissão de odores provenientes desta área”.
E afirmou que “reforça sua abertura para o diálogo e seu compromisso com o bem-estar da comunidade da qual faz parte”.
“Há tempos, nós moradores, somos obrigados a conviver diariamente com um forte odor fétido de esgoto, originário do descarte da indústria, causando extrema dificuldade de moradia, respiratória e constrangimento com visitas de familiares e amigos”, diz o abaixo-assinado dos moradores.
Ainda de acordo com os moradores, em várias oportunidades, representantes dos bairros procuraram a empresa para tentarem uma solução para o caso.
“Já foram iniciadas diversas medidas, como reclamação diretamente junto aos canais oficiais da indústria, matérias nos meios de publicidades, reclamação perante os órgãos competentes, entretanto, todas as medidas até a presente data, não surtiram efeitos positivos”.
O abaixo-assinado tem 175 nomes. Foi entregue ao presidente da Câmara, Eduardo Nascimento, e o vereador disse que vai procurar a empresa e buscar uma solução para o caso.
A Cetesb também afirma que convocou representantes da Coca Cola para uma reunião, em março deste ano. “Na data da convocação, os representantes da empresa compareceram a esta Agência e informaram que será implantada uma nova unidade de tratamento de efluentes, em substituição ao atual.”
A medida depende de licenças ambientais e medidas adequadas sobre a operação do Sistema de Tratamento atual. As fiscalizações devem continuar, mesmo com a troca do sistema.