A Dinamarca está prestes a introduzir um imposto inédito: o imposto do pum. A iniciativa tem a ver com as emissões de gases de efeito estufa provenientes da pecuária.
Segundo estudos, durante a digestão, bois e vacas produzem muito metano, um gás que contribui com 23% do efeito estufa e é 21 vezes mais ativo que o gás carbônico na retenção dos raios solares que aquecem o globo. O gás é produzido por bactérias do rúmen (uma das quatro cavidades do estômago dos bichos), que ajudam a retirar a energia dos alimentos que o gado come.
O imposto, segundo os dinamarqueses visa ajudar o país a atingir sua ambiciosa meta de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 70% até 2030. Conforme divulgado pelo Financial Times, a nova taxa exigirá que os pecuaristas dinamarqueses paguem aproximadamente 100 euros (R$ 600) por ano para cada boi ou vaca em seus rebanhos, com a cobrança prevista para começar em 2030.
Além disso, o acordo firmado após negociações com representantes do setor e grupos ambientalistas estabelece uma cobrança de 120 coroas dinamarquesas (cerca de 16 euros ou R$ 93,40) por tonelada de emissões de dióxido de carbono equivalente, abrangendo tanto vacas quanto porcos.
O ministro do Meio Ambiente da Dinamarca destacou a importância da medida como um passo crucial para alcançar os objetivos climáticos do país e demonstrar liderança global na luta contra as mudanças climáticas.
Os produtores rurais, no entanto, expressaram preocupações sobre o impacto financeiro dessa nova taxa. Eles argumentam que a medida pode aumentar os custos de produção e afetar a competitividade da pecuária dinamarquesa no mercado global.
A introdução do “imposto do peido”, como a medida tem sido informalmente chamada, coloca a Dinamarca na vanguarda das políticas climáticas inovadoras. A iniciativa pode servir de modelo para outros países que buscam equilibrar a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa com a sustentabilidade econômica do setor agrícola.
No Brasil, os rebanhos de bovinos e outros ruminantes (cabras, ovelhas, búfalos…) seriam responsáveis por 90% do metano gerado no país – no mundo, esse índice cai para 28% – segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, IPCC, criado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente) e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 1988. O painel fornece dados aos formuladores de políticas avaliações científicas regulares sobre a mudança do clima em todo o planeta.
Fonte: Pensar Agro