Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais mostrou que 72% das crianças avaliadas tiveram o aumento da depressão associado ao uso de telas.
A pesquisa, da Faculdade de Medicina da UFMG, também apontou a diminuição do quociente de inteligência (QI) pelo uso exagerado de telas entre as crianças.
A psicóloga Giovanna Antunes Botazzo Delbem, da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) da USP, afirma que o uso excessivo pode causar problemas para a saúde mental.
O acesso acelulares, computadores e videogames também pode desenvolver deficiências mentais e intelectuais em crianças. “Principalmente no desenvolvimento de depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)”, alerta.
“Existem estudos que começam a relacionar a radiação do dispositivo e como influencia até mesmo durante a gravidez.”
Perda de interação
Diz ainda que após o nascimento o uso excessivo de telas atrapalha na interação entre as crianças e os seus cuidadores. Há ainda hiperestimulação a partir das luzes da tela e dos desenhos na televisão que podem comprometer outras atividades”, diz a especialista.
Segundo a psicóloga, o uso de tecnologias na pandemia trouxe benefícios para a aprendizagem e educação, mas o uso exagerado aumentou transtornos mentais aumentassem.
“Na pandemia tivemos as aulas on-line e a superexposição pode ter sido uma das causas para o desenvolvimento de transtornos mentais. O excesso prejudica a memória, criatividade, capacidade de resolução de problemas e o desenvolvimento da linguagem.”
Isso ocorre pois há uma diminuição da quantidade e qualidade das interações com os cuidadores. “As crianças falam menos com as pessoas e acabam demorando mais para aprender a falar, podendo gerar déficits.”
Recomendações
Por isso, Giovanna diz que existe uma recomendação do tempo ideal para o uso de telas por dia. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças até 2 anos de idade não tenham nenhuma exposição a telas.
Entre 2 a 5 anos, as telas podem ser usadas no máximo 1h por dia. A partir dos 6 e até 10 anos, de 1h a 2h por dia. Já entre os 11 a 18 anos a exposição deve ser de 3h por dia.
“Nós pensamos, inclusive, nos adolescentes, pois muitas das interações sociais hoje em dia acontecem através das telas.”
Cuidados
Os pais precisam ficar atentos pois há alguns sinais como a diminuição das práticas físicas, obesidade, alterações no sono, isolamento social, queda de memória e no desempenho acadêmico.
“É importante estarem atentos até para o motivo dessa utilização. Será que é para escapar de alguma emoção desconfortável ou ter uma recompensa fácil de dopamina? O uso excessivo também faz com que as crianças sejam menos tolerantes à frustração, por isso temos que impor limites”, diz.
A psicóloga afirma que proibir nunca é o melhor caminho, mas é necessário criar estratégias para limitar o uso e prevenir problemas para a saúde das crianças.
“Precisamos mostrar que dizer não também é uma forma de cuidado. Ter momentos de socialização e brincadeiras com as crianças que não envolvam as telas é importante. Inclusive, pensando dos dois lados, para os pais também se desconectarem das telas e passarem mais tempo com seus filhos.”
Com informações da Agência SP