Marília - A ONG Origem denunciou a diferentes órgãos públicos e de saneamento o despejo irregular de esgoto em córrego que abastece cachoeiras em Marília e atinge a Represa Água do Norte.
O caso foi descoberto durante uma visita em grupo que levou ambientalistas da ONG e outras pessoas a diferentes pontos de cachoeira da cidade.
A visita reuniu lideranças comunitárias que participaram em três dias de eventos na cidade. Nos dias 24 e 25 a cidade teve a Conferência Municipal do Meio Ambiente e no dia 26 um Encontro de Saúde Mental.
Origem monitora cachoeiras e denuncia
A Origem promove desde 2015 projeto de monitoramento das condições das principais cachoeiras de Marília. O acompanhamento já permitiu identificar diferentes situações de poluição e danos, além de encaminhar reparos.
Já apresentou este novo caso à Cetesb, à Polícia Ambiental, à Prefeitura e à Ric Ambiental, concessionária de saneamento público.
“Um grupo decidiu fazer uma visita às cachoeiras de Marília. A Origem possui a expertise para guiar pequenos grupos a esses locais. Assim, naquele domingo, após o encontro, o grupo saiu para o passeio”, diz um relatório a que o Giro Marília teve acesso.
O grupo seguiu de carro até ponto próximo de córrego que dá acesso a três cachoeiras: Pedra Vermelha, Árvore Caída e 1º de Maio. Esta última, que algumas pessoas conhecem como Cachoeira do Horácio, é tradicional ponto de lazer.
Mas em poucos minutos de caminhada perceberam o cheiro de esgoto. Depois, identificaram ponto de tubulação de concreto, para escoamento de água da chuva, com o despejo irregular.
O local, aliás, envolve um ponto que está em risco de colapso por falta de manutenção e dissipador de energia. O Caso provocou até uma denúncia à ouvidoria da Prefeitura em outubro do ano passado.
Os ambientalistas apresentaram em novembro denúncia de despejo de esgoto no local. A empresa Ric Ambiental já era a responsável pelo sistema de saneamento na cidade. O dia seguinte e na vistoria posterior, em janeiro deste ano, não havia despejo.
Esgoto em córregos e cachoeiras
A partir da constatação, o grupo decidiu seguir o roteiro para as outras cachoeiras. Andaram quase 300m e viram bezerros beber a água do córrego poluído.
Chegaram à cachoeira da Árvore Caída, que recebe água de outra nascente e não tinha os sinais de poluição.
Mas poucos metros à frente, a água das duas nascentes se mistura e atinge a cachoeira da Pedra Vermelha, o que impediu visita ao local. O grupo foi então até a 1º de Maio, com duas surpresas negativas.
Constataram que a poluição chega até o local, de maior potencial turístico, e que, pior, havia público no local. “Dezenas de pessoas, sem noção do perigo, se refrescavam, aproveitando as poucas opções de lazer gratuito que Marília oferece em uma tarde quente de domingo”, diz o relatório da Origem.
Depois, a agua contaminada segue em direção à Represa Água do Norte, que foi o primeiro reservatório estratégico de abastecimento para Marília. Um sistema abandonado, que poderia ter investimentos para dar suporte ao fornecimento na cidade com histórica falta de água.